Hoje me aconteceu uma destas coincidências que nem Freud explica. É preciso Jung. Fui ontem a um monólogo baseado em dois contos do Caio Fernando Abreu. Identidade absolutamente convulsionada e em absoluto torpor literário, me sentei, logo ao acordar, para escrever sobre o dito monólogo, sobre palavras, sobre o Caio principalmente, e novamente.
Decido antes, acessar meu email e verifico, por pretenso acaso, alguns recebidos há mais tempo e ainda não lidos por absoluta falta de condições de mergulhar em palavras, como tais emails pediam. E o primeiro (e único) email lido é um enviado pela Rita, coincidentemente fazendo menção ao Caio. Um texto escrito no blog dela sobre como nos conhecemos. E que quem trouxe nossa amizade foi Caio. Um texto dele que eu estava por enviar por email e imprimi antes várias cópias no trabalho.
O título mexeu tão fundo com ela que a incitou a 'furtar' uma daquelas muitas cópias que brotavam da impressora. E foi, afinal, o que nos aproximou. O Caio fala alto com isto que chamamos de alma. E se sua alma é dada a conversas, impossível que ele não te convença, não te leve, não conduza teus pensamentos, não te comova.
E o título do texto era uma frase de Camille Claudel para Monet: "Existe sempre alguma coisa ausente." Caio aí se detinha, discorria e se prolongava sobre o tema, dizendo que sim, que "algo sempre nos falta. O que chamamos de Deus, o que chamamos de amor, saúde, dinheiro, esperança ou paz. Sentir sede faz parte. E atormenta.".
Sim, Caio, e o querer, o buscar, o crescer se constituem primeira e principalmente destas ausências todas de que somos feitos. Esta nossa insatisfação e também imcompreensão permanentes são nosso motor. E nos conduzem neste nosso eterno trânsito entre o sorriso e a lágrima, entre os pedaços cotidianos e oníricos de nossos dias, de nossa vida.
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