Translate

sábado, 16 de dezembro de 2017

mãe e filho - aprendizado e crescimento compartilhado e multiplicado

conexões a mil!

É mágico! Acompanhar uma criança desenvolvendo simbolismos e cognições e construindo  significados é inexplicável. Foi o melhor adjetivo que encontrei para descrever isto tudo tão grande, porque nosso léxico e nossas razões não acompanham descobertas e aprendizados nesta dimensão. Coloca na conta que o pequeno, mote do texto, e dos adjetivos, portanto, é meu filho. Preciso tentar me  traduzir melhor ou deu para sacar a densidade de tudo tanto em meu peito coração?

O Lourenço segue me desenhando os contornos da maternidade sublimemente. São tantos aprendizados, tanta urgência, descobrindo o mundo de ontem para hoje, que a mãe, enquanto expectadora mais próxima ou dentro de cada fato-pedaço, vai também reconstruindo seu mundo, seu conto de fadas particular, seu novo olhar.

Do que consigo me lembrar agora e tomar nota, na última semana foram aprendizados tão sofisticados, com cunho algo conotativo (percebeu a sofisticação a que me refiro?) que desconfiei se o Lourenço é mesmo só um bebê crescendo ou se ali por trás tem um homem rindo às minhas costas, pelas constantes surpresas que transpareço. Peraí que já conto!

A primeira delas foi uma conexão, digamos. Depois de um fim de tarde mergulhados em brincandeiras, os dois, comecei a chamar a atenção dele, bem brava, por algo ‘feio’ que ele estava fazendo.

Cara séria, olhar duro, voz grossa. Ao que ele me olhou e falou prontamente: - carinha feia, tia Marina!

Na hora, fiquei consultando meus hipertextos cognitivos, para ver se encontrava a relação. Correção travessuras crianças, carinha feia tia Marina... Precisei de algum tempo, mas saquei tudo. 

Alda, a diretora da escolinha dele já havia me contado da tática da carinha feia e da carinha sorrindo para ensinar ludicamente certos e errados.  Quando os meninos fazem algo repreensível, elas, as professoras e orientadoras, os sentam, por dois minutos somente, embaixo de uma carinha feia, chorando. Mas, quando eles têm uma atitude legal ou correta, simplesmente; vão confraternizar com a carinha sorridente. E Marina é o nome de uma das professoras, orientadoras. Pronto, explicada a conexão. Coisa errada, correção, tia Marina, carinha feia... questão de lógica!

O segundo aprendizado ligado ao lado negativo, aos significados em torno de um não, foi vê-lo descobrindo o peso da negativa e aprendendo os momentos de usar um não, mesmo que por conveniência ou manha.

De duas semanas para cá, quase tudo que o questiono ou pergunto a ele, a resposta é não! Descobriu como fazer pirraça sem chorar e tá se valendo disto com força cotidiana! Com o prato na mão, “Lourenço, cê qué papá? Não! Com o copo recém cheio a pedido dele, Lourenço, sua água. Qué não...  Mas aí, se’ a gente finge embarcar na dele e guardar ou jogar fora ou comer, ele volta atrás e quer: “Não mamãe... qué papá!”

O último  aprendizado(entre os que me lembro) para contar foi uma nuance comum do não, para nosotros, adultos! Agradecer negando! Não, obrigada! Eu, neste caso (porque obrigadA).

Perguntando para ele hoje se ele queria ‘gute’, iogurte, que ele adora, olhou para mim e respondeu: “não, bigado!” . “E você quer água, Lourenço?”.”Não, bigado, mamãe!”.

E eu vou observando, me admirando e tentando entrar neste universo dele.  Grande e crescente com uma força, com outras razões, sementes das nossas, razões em construção e outras por construir.

A grande sabedoria é aprender e saber até onde ensiná-lo a dançar ou deixá-lo aprender e dançar conforme a música! Os limites do mundo entregue pela mãe e o que deixar por conta dele. Vai, meu filho, tem uma vida inteira te esperando!