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quinta-feira, 14 de abril de 2011

dor e delícia...

A perda da memória torna todo e qualquer pedaço de passado uma grande descoberta. Uma descoberta seguida de reconstrução. Você se reencontra e se reconstrói permanentemente, a partir de cada detalhe, cada pedacinho de lembrança. Agendas, fotografias, emails, cartões, causos... Tudo, tudo torna-se alicerce desta personalidade afoita por todos os pequenos detalhes que fazem parte desta recomposição. Cada palavra de um texto teu torna-se fonte de um mundo de descobertas e outro mundo de questionamentos. Cada vírgula. . . Assim, você se descobre coletando, assimilando partículas do passado, se alimentando delas e se reconstruindo o tempo todo. Difícil? Por vezes é sim, e muito! O mais doloroso é se descobrir por vezes, várias, incapaz de coisas que eram naturais em você. Quase uma extensão. Um anexo de sua personalidade. Coisas quase óbvias que se tornam naturalmente difíceis, beirando a impossibilidade. Fatos para os quais TE CONTAM que você era muito articulada. Sim, porque você não se lembra e não sabe ser mais. . . Muitas lágrimas. Às vezes doem muito todas estas ausências de memória. Do que já fiz, do que já gostei, de quem já fui, e pouco a pouco, volto a ser, por gritos imperiosos da personalidade. Mas dói. . Mas se você se descobre capaz de lidar com estes degraus todos, estes degraus desumanos, você encontra caminhos vários, graça, sorrisos, aprendizado, crescimento, carinhos, amizades. Desmesurados. E a capacidade de se refazer, reconstruir, reabilitar, todo e qualquer 'RE', com a consciência em órbita, é um privilégio desmedido. . . Sim, porque ser Poliana implica nesta permanente busca pelo lado positivo. Apesar dos pesares... E meu 'jogo do contente', o que me dá nome, me lista vários motivos para rir, incontáveis resultados positivos. . . Olhar para traz e ver muitos degraus abaixo de mim. Muitos acima também, claro, mas ver que meu caminho se desenha em subidas. Contínuas. Minha releitura de momentos 'bancos de escola': movimento ascendente uniforme! . Ser capaz de se reconstruir em cada detalhe. Olhar para si 'de fora', saber quem ou como você era e se reconhecer dentro de si. Ou não. Optar por um ângulo diverso, se reavaliar e buscar uma reconstrução efetiva. Ter opção de optar. . . . Entre contínuos altos e baixos, entre algumas lágrimas, alguns engasgos, sorrisos vários , abraços muitos e carinhos mil, alimento permanentemente este meu processo de reconstrução. Às vezes, me perturbo e me machuco com algumas olhadelas para trás. Mas então todos estes meus amigos, amores de mi vida, minha família, me viram o rosto e me mostram que tenho um conforto afetivo descomunal e um mundo de possibilidades à minha frente. . Que eu sou Poliana.

Um comentário:

  1. Poli, vc é a acepção e a inspiração do nome que carrega. Um exemplo rico e cheio de bons caminhos. Uma imagem de que o futuro sempre poderá ser melhor que o passado e que, apesar da memória vir aos poucos, é melhor ter um caderno em branco pra iniciar uma nova história do que um todo amarfanhado, cheio de rabiscos que vc tenta apagar e acaba estragando e borrando as páginas.
    Tamos juntos desenhando um futuro novo e cheio de possibilidiades. Conta com a gente!
    Beijo.

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