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sábado, 9 de junho de 2012

gramática do corpo


Em poética incursão pela dança, Antunes Filho nos traz ‘Foi Carmem’.

Frente a arquétipo tão forte de nosso ideário, Carmem Miranda, Antunes Filho nos propõe uma desconstrução de todo e qualquer paradigma em termos de linguagem narrativa. A base do trabalho não é textual e a palavra dá lugar à expressão do corpo.

Nesta ‘dança-teatro’, a linguagem é intuitiva e se revela por meio de gestual, expressões, inflexão da voz, vestuário e adereços.  É a linguagem narrativa na ‘gramática de nosso inconsciente coletivo’, como nos conta o próprio Antunes.

É uma montagem sem palavras onde o diretor faz ainda uma homenagem ao dançarino japonês Kazue Ohno, em comemoração a seu centenário.  E nos custa fazer tal conexão,  samba e butô, ainda que, coreograficamente haja, efetivamente, um momento de união.

Em enredo mínimo, estamos  de frente a uma menina que sonha ser Carmem Miranda, dando seus passos para tal, literalmente.  Em um segundo momento, vemos um vulto sempre de costas. FOI Carmem… A música, no entanto, persiste nos LPs.

Estimulante e intrigante porque linguagens que se misturam, se entendem e se expressam no corpo.

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