Quatro
estórias que têm no cenário sua única interseção. É a capital Italiana,
em ‘Para Roma com Amor’, o único denominador comum destes segmentos que nunca
se cruzam.
E Roma,
neste Woody Allen, mais que cenário, é personagem. Na música, na subjetividade
e eloqüência dos personagens e nos cenários, claro, Roma ganha vida.
O
travelling inicial da câmera nos coloca em passeio por ruelas calçadas que
emanam forte intimidade. E identidade. Apesar de, notoriamente na Itália,
estamos em casa. E não é o jazz o condutor deste ‘travelling’. São músicas
tradicionais d’Itália. ‘Tutti buona musica.’
No
primeiro dos incomunicáveis segmentos, um casal americano vai a Roma para conhecer
o noivo de sua filha. Aqui, é Woody Allen, eterno personagem de si mesmo,
“thinking out of the box” e nos matando de rir com vários estereótipos/clichês
de si mesmo.Um outro pedaço traz ‘Leopoldo’ um homem comum que é dado como
famoso pelas multidões e pela mídia, sem razão de ser, tanto para uns quanto
para os outros. Ou para ele mesmo. Na melhor delas, um arquiteto de sucesso, de
férias pela Europa, tem um encontro ao acaso com um estudante de arquitetura de
seu país. Não demora para que o arquiteto sênior principie uma sessão de
conselhos amorosos ao ‘júnior’, ficando, para nós, a forte sugestão de que um é
o alter ego do outro, ou a imaginação, ou algo que o valha. Na última e mais
sem graça das estórias, com ar de folhetim, um homem provinciano chega à cidade
para discutir uma oportunidade de trabalho, ao lado de sua mulher. Reviravoltas
mil acabam fazendo com que ele tenha que apresentar uma prostituta como esposa
à sociedade Italiana, enquanto sua esposa se vê às voltas com astros do cinema.
Das
histórias todas fica Roma enquanto personagem. O olhar ‘turístico’ de Woody
Allen sobre a cidade nos dá enorme prazer em ‘debruçar’ sobre ela e sobre sua
cultura e dá, inclusive, vontade de conhecer. Fica Woody Allen representando a
si mesmo. Irretocável. Fica um filme divertido de assistir e ficam as boas
referências de sempre da filmografia de Allen, que já se tornou adjetivo.
Não é um
‘Meia Noite em Paris’ mas é um Woody Allen!
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