a louca da casa é a imaginação. são estes devaneios autônomos que nos tomam. todos os pedaços de pensamento que ganham vida própria e deixamos crescer indefinidamente. as possibilidades. os personagens. as opiniões inflamadas. os outros. a louca da casa é um livro da rosa montero que me despertou a vontade de escrever sobre tudo e sobre qualquer coisa. a louca da casa é o diabo na rua, no meio do redemoinho.
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domingo, 3 de março de 2013
terreno fértil
Era sexta feira. Aquele dia, saí do trabalho pensando, e sentindo, que não tinha qualquer condição, física ou mental, de ir ou de acompanhar um show, que estava, como sempre, em minha programação cultural do final de semana que se esgueirava. O que eu tinha, maior que eu, era um cansaço sem eira nem beira.
Mas a virginiana dentro de mim, decidida e de personalidade forte, não me deixou furar uma agenda cultural, construída com esmero, há muito já. E eu não conhecia Pitanga em Pé de Amora. Havia, já, lido algo a respeito e tinha, portanto, boas referências. Me arrastei até o SESC Pompéia; trem, metrô e ônibus, fazendo de meu caminho, terreno para engordar minha contextualização acerca de tal ‘pomar’ diferenciado.
Li primeiro que, diante da dificuldade para definir o nome de algo que já estava vivo, tocaram esta marchinha, ‘Pitanga em Pé de Amora’, e decidiram adotar o nome.
Mas este nome, aleatoriamente escolhido, acabou ganhando uma significação que lhes explicava. ‘Mais perdidos que pitanga em pé de amora’. Esta foi a legenda inicial do nome do grupo. Não chega a tratado filosófico, mas é, sim, um questionamento de identidade.
Com repertório próprio, mas passeando por elementos do cancioneiro brasileiro e mundial, sua música se faz múltipla. São marchinhas carnavalescas, sambas, baiões, frevos e choros, desprovidos de ‘uma sua’ roupagem tradicional, se misturando com discursos jazzísticos e de vanguarda, unidos todos em um mesmo show. As canções são novamente compostas, arranjadas e interpretadas pelos seus integrantes. Eles tiram, assim, canções de nosso cancioneiro e dão nova leitura. Releituras plenas, de todas as facetas.
Novas sonoridades são sempre incorporadas, quando o sentimento de adequação de um novo instrumento os assalta, como conta Daniel Altman, componente, multi-instrumentista, como todos. Ângelo Ursini toca clarinete, sax, flautas e escaleta, Daniel Altman, o violão de 7 cordas, Gabriel Setúbal toca trompete e violão e Flora Popovic toca pandeiro, surdo e percussão.
Diante de uma definição ‘tudo tanto’, comecei a me animar. E veio o show…
Violões em arranjos elaborados nos conduziam por suaves e belas veredas sonoras. Uma sofisticação instrumental temperava aquela cadência suave, vez por outra adornada com metais e tambores. Muitos. Uma percussão se somava, ainda, àquela mestiçagem, à mistura rítmica.
Uma bossa, um chorinho, um samba, uma cantiga; todos temperados por uma batida meio choro, meio jazz.
E foi assim que uma miscigenação de ritmos, com metais e tambores protagonizando, trouxe descanso e conforto a corpo e mente exauridos. Uma doce trilha para uma cabeça a mil.
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