Era história e era poesia; era Minas e era Drummond. Eram múltiplos contornos líricos/afetivos de muitos causos feitos poesia. “Nunca me esquecerei desses acontecimentos na vida de minas retinas tão fatigadas”.
Minhas retinas, meus sentidos todos, minha percepção, acostumados que estão ao modo ‘fast foward’ de São Paulo
se deleitaram com as razões poéticas Drummondianas para ‘tudo-tanto’. Porque “o
espírito de Minas me visita e sobre a confusão desta cidade onde voz e buzina
se confundem, lança teu claro raio ordenador. Conserva em mim ao menos a metade
do que fui de nascença e a vida esgarça”.
É que estávamos dia destes, eu, meu pai, minha mãe e minha
avó, passeando pela poesia mineira. Visitávamos os caminhos Drummondianos,
museu de território que evidencia a relação do poeta mineiro Carlos Drummond de
Andrade, com Itabira, sua origem e contexto poético, muitas vezes, trazendo à
tona pessoas, fatos e locais, parte de sua vida, e, portanto, de suas palavras.
É a confluência de seu cotidiano, sua geografia e sua poesia.
Ali conhecemos, com Elane Moreira, uma guia entusiasmada e
conhecedora do universo em que nos conduzia, poética e historicamente, o
Memorial Carlos Drummond de Andrade, obra do poeta das formas, por sua vez,
Oscar Niemeyer.
E fomos aprendendo, durante o dia, entre visita e outra a
diversos pontos da cidade apontados como relevantes em sua vida e obra, que
Drummond transformava seus tempos e movimentos em palavras, em tom maior.
Arquiteto
das palavras, ele fazia verso da vida como ela é para nós, em prosa. Sua poesia
está nas esquinas, nas pessoas, no cotidiano itabirano. Em seu fascínio pela
palavra, transformava a vida cotidiana em poesia.
“Penetra surdamente no reino das palavras. Lá estão os
poemas que esperam ser escritos…” Aprendemos também de sua fascinação pela
palavra escrita. E nisto me identifiquei. A equação das palavras e os sentidos
projetados. Mágica, fascínio que também
me excita e me conduz o lápis.Aquelas formas visuais curvas ou lineares , projetando
sentidos, sentimentos, cores, geografia,
tempos e movimentos… E com Drummond, através de Drummond, parte forte do sentimento
em torno de Minas.
“Quando vim de minha terra, se é que vim de minha terra”,
aprendi a identificar e admirar os traços que nos dizem mineiros. Mas Itabira,
Drummond e seus causos ora se confundem em meus significados. E permanecem em mim.
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