Às vezes com um baixo, com bateria ou com clarinete, outras vezes só. Sempre
virtuoso e intenso.
Em longos e sofisticados monólogos ou em bem arranjados
embates com os membros de seu quarteto, juntos ou separados, Harold
López-Nussa, cubano, pianista de jazz, armado de piano e teclado eletrônico, aqui
juntos e misturados, deu fortes mostras de seu virtuosismo e seu fôlego em
apresentação no festival ‘Jazz na Fábrica’, no SESC Pompéia.
Num show de intensidade incomum, descobri imenso prazer em
marcar os passos de seguidas sessões de improviso. Um músico parava ou
estimulava outro via equação de acordes ou, mais intensamente, provocava ou
entrava em outro monólogo. Muitas vezes, sentindo os músicos estudando o melhor
momento para entrar, dava palpites dentro de mim: “agora seria o momento ideal
para a entrada do clarinete”.
Fiquei emocionada de fazer parte daqueles devaneios musicais
criativos, mais precisamente em meio a uma forte Jam solo de bateria. Em outro momento, piano + teclado eletrônico, os dois by Nussa,
somados à bateria, entraram em eloquente e envolvente diálogo interminável. E
da cadeira a gente se perdia naquele som sem roteiro. E que delícia se entregar
e se deixar levar.
Piano, trompete, bateria, baixo. Era tanta a sintonia
adivinhada e conquistada a cada jammed
session, que muitas vezes me soava à formação perfeita para este som inventivo
e sempre novo. Ou não. Porque trazer o imprevisto, em uma Jam, é a parte prevista do roteiro. O piano
protagonista nos guiava em viagens mais vigorosas e intensas que um dia já
imaginamos que qualquer teclado poderia nos levar.
Harold Lopez-Nussa. Uma apresentação suficiente para marcar
um fôlego incomum, a força de seu jazz e pedir bis vida afora.
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