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terça-feira, 22 de agosto de 2017

na miudeza do cotidiano




Em cenário da segunda guerra mundial, somos lançados em meio à história íntima de seus personagens. ‘Uma Praça em Antuérpia’, livro de Luize Valente, está me fazendo experimentar minha já sabida e reconhecida sensibilidade, por mares nunca antes navegados. A história e o drama dos outros sempre me comoveu, sim, adepta natural e sincera da alteridade, mas os dramas e conflitos daqueles que vivem a chaga da guerra, na miudeza do cotidiano, nunca foi um enredo em meus dias.

Diante das decisões oficiais, de onde bombardear, que pontos atacar ou destruir, novos aliados ou inimigos, ataques aéreos ou terrestres são substituídos por outras humanas como sair ou não para buscar alimentos, fugir para o Brasil ao final da gravidez, encontrar um ‘porto seguro’ em meio a insurgentes ‘campos minados’, como lidar com as crianças.

Os livros de história não apresentam estes problemas, nem as folhas dos jornais.

O livro de Luize Valente traz, em elaborada trama, a história de uma família de migrantes e, dentro dela, a eclosão da 2ª grande guerra como vetor de decisões quotidianas. Assim, com a guerra olhada de ‘dentro de uma família’, ela planta o horror em nossa intimidade por empatia ou alteridade, não sei. A riqueza de detalhes, em pesquisa histórica consistente, o ângulo do olhar, seus dilemas e humanidade trazem a essência de uma época em um romance histórico sensível e impactante.

Sua abordagem humaniza uma situação de guerra, tão formal e distante, no plano histórico; a reconstituição da desgraça imposta aos judeus na Europa. Com sua construção minuciosa do enredo, indo e voltando no tempo, em quase um século de história, com absoluta segurança, Luize nos prende em um enredo transbordando verossimilhança, pelo nível de detalhe e pelo humanismo das situações.

Em capítulos curtos, a sensibilidade pelo drama humano, unida à intensa e detalhada pesquisa histórica nos carrega em narrativa de tirar o fôlego e inundar de emoção. Além de tudo tanto descrito acima, li que o final é surpreendente. Bem, ainda não sei. Então, deixa eu voltar para Antuérpia!

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