conexões a mil! |
É mágico! Acompanhar uma criança desenvolvendo simbolismos e
cognições e construindo significados é
inexplicável. Foi o melhor adjetivo que encontrei para descrever isto tudo tão
grande, porque nosso léxico e nossas razões não acompanham descobertas e
aprendizados nesta dimensão. Coloca na conta que o pequeno, mote do texto, e
dos adjetivos, portanto, é meu filho. Preciso tentar me traduzir melhor ou deu para sacar a densidade
de tudo tanto em meu peito coração?
O Lourenço segue me desenhando os contornos da maternidade
sublimemente. São tantos aprendizados, tanta urgência, descobrindo o mundo de
ontem para hoje, que a mãe, enquanto expectadora mais próxima ou dentro de cada
fato-pedaço, vai também reconstruindo seu mundo, seu conto de fadas particular,
seu novo olhar.
Do que consigo me lembrar agora e tomar nota, na última
semana foram aprendizados tão sofisticados, com cunho algo conotativo (percebeu
a sofisticação a que me refiro?) que desconfiei se o Lourenço é mesmo só um
bebê crescendo ou se ali por trás tem um homem rindo às minhas costas, pelas
constantes surpresas que transpareço. Peraí que já conto!
A primeira delas foi uma conexão, digamos. Depois de um fim
de tarde mergulhados em brincandeiras, os dois, comecei a chamar a atenção
dele, bem brava, por algo ‘feio’ que ele estava fazendo.
Cara séria, olhar duro, voz grossa. Ao que ele me olhou e
falou prontamente: - carinha feia, tia Marina!
Na hora, fiquei consultando meus hipertextos cognitivos,
para ver se encontrava a relação. Correção travessuras crianças, carinha feia
tia Marina... Precisei de algum tempo, mas saquei tudo.
Alda, a diretora da escolinha dele já havia me contado da
tática da carinha feia e da carinha sorrindo para ensinar ludicamente certos e
errados. Quando os meninos fazem algo
repreensível, elas, as professoras e orientadoras, os sentam, por dois minutos
somente, embaixo de uma carinha feia, chorando. Mas, quando eles têm uma
atitude legal ou correta, simplesmente; vão confraternizar com a carinha
sorridente. E Marina é o nome de uma das professoras, orientadoras. Pronto,
explicada a conexão. Coisa errada, correção, tia Marina, carinha feia... questão de lógica!
O segundo aprendizado ligado ao lado negativo, aos
significados em torno de um não, foi vê-lo descobrindo o peso da negativa e
aprendendo os momentos de usar um não, mesmo que por conveniência ou manha.
De duas semanas para cá, quase tudo que o questiono ou
pergunto a ele, a resposta é não! Descobriu como fazer pirraça sem chorar e tá
se valendo disto com força cotidiana! Com o prato na mão, “Lourenço, cê qué
papá? Não! Com o copo recém cheio a pedido dele, Lourenço, sua água. Qué não... Mas aí, se’ a gente finge embarcar na dele e guardar ou jogar fora
ou comer, ele volta atrás e quer: “Não mamãe... qué papá!”
O último
aprendizado(entre os que me lembro) para contar foi uma nuance comum do
não, para nosotros, adultos! Agradecer negando! Não, obrigada! Eu, neste caso
(porque obrigadA).
Perguntando para ele hoje se ele queria ‘gute’, iogurte, que
ele adora, olhou para mim e respondeu: “não, bigado!” . “E você quer água,
Lourenço?”.”Não, bigado, mamãe!”.
E eu vou observando, me admirando e tentando entrar neste
universo dele. Grande e crescente com uma força, com
outras razões, sementes das nossas, razões em construção e outras por
construir.
A grande sabedoria é aprender e
saber até onde ensiná-lo a dançar ou deixá-lo aprender e dançar conforme a
música! Os limites do mundo entregue pela mãe e o que deixar por conta dele.
Vai, meu filho, tem uma vida inteira te esperando!
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