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terça-feira, 29 de maio de 2018

outra confissão digital e uma ideia leGAL


É que eu gostei da história deste single da Gal e quis, também falar, escrever dele, introduzindo–no através de minhas notas pessoais e particulares, numa preliminar de foro íntimo (sugestivo, han?!).

Pois, começando pelas tais notas, é uma (outra) confissão digital. É o seguinte: que eu sou é eu mesma, isto eu já contei trocentas vezes, já sei, mas a novidade da revelação aqui é que ‘eu mesma só existe através de um mundo de outros, vocês e eles. Aha!!!! Vocês não imaginavam, né!?!

É assim: eu me construo permanentemente por influência e referência alheias, sempre e muito. É por isto que poli são várias! Eu sou é todos nós, juntos e misturados! Meus grandes castelos de música, literatura, arte, lugares, jantares, amigos e amores se ergueram por referências múltiplas; aqui, ali, em qualquer lugar.

Pois então, vamos prosseguir, senão a Louca se perde em seus devaneios. A referência de hoje é uma rádio lá dos cafundó do sul, bem lá embaixo, em nossa cartografia tupiniquim. A estação Itapema de Santa Catarina, indicação antiga de um amigo, só agora consumada, me trouxe o novo single da Gal, recém lançado. A referência é a rádio portadora da novidade, não a cantora. Porque a Gal, esta já anda comigo há muitas voltas deste mundo!

Pois bem, quando Itapema me lançou a música naquela voz absolutamente familiar, pungente e marcante e eu não conhecia, parei tudo e fui pesquisar. Eu me pretendia estratosfericamente atualizada no repertório da Gal (último lançamento, ano passado: Gal Estratosférica!). E descobri uma historinha original por trás da nova canção e sua iniciativa.

Aqui é que vem a parte dois da história, o que li e quero repetir, ao som de Gal, Fatal, Tropical, Legal, Plural (nomes de alguns álbuns em sua discografia!).

Estavam sentados proseando em um buteco (não, não é caso mineiro, é coisa de carioca –
Marcus Preto pós sessão buteco, já com a Gal!  
bahiano, ou vice–versa. É só licença poética, dá licença!) o poeta carioca Omar Salomão, filho do Waly Salomão e Marcus Preto, produtor dos trabalhos recentes de Gal, quando o primeiro falou para o segundo que toda vez que escutava Gal cantando a música Sua Estupidez, de Roberto e Erasmo, se enchia de certeza de que ninguém diz “eu te amo” como ela ali, naquela canção.
  Ao que o segundo perguntou ao primeiro porque ele não fazia uma letra sobre isto.

Letra feita, a “idéia” foi enviada ao músico capixaba Silva, parceiro da Gal, como tecladista e violinista, em outras iniciativas, para que musicasse. Ele se inspirou em Amy Winehouse e Etta James, paixões de Gal, e deixou Pupillo, da Nação, arranjando, na direção musical.

E o resultado é, por enquanto, isto tudo tanto que podemos ouvir aí no link.  Gal se traduzindo com “Palavras no Corpo”, primeiro single sinalizando promissor lançamento da artista em Agosto, pela Biscoito Fino, como nos tem marcado sua produção, desde Recanto, sobretudo!

Deixo com vocês, com a “Palavra no Corpo”, Gal:

“Ninguém diz 
eu te amo
Ninguém diz
eu te amo
Ninguém diz
eu te amo
como eu…”

segunda-feira, 14 de maio de 2018

você que me continua...



As saudações, cumprimentos e congratulações em torno da celebração do dia de mães, que acaba de passar por mim, me trouxeram lembranças recheadas de uma vontade de confissão (já deu pra perceber que sou chegada em uma confissãozinha escrita e digital, né?)

Saindo de casa para a homenagem da escolinha do meu Pituco, coloquei Arnaldo Antunes para nos trilhar o caminho, no ritmo. Não imaginei que teríamos ali,  naquele momento, mesmo sendo o músico/autor quem era, uma trilha sonora tão íntima e pessoal e tão alinhada a nosso momento. Não foi a primeira canção tocada em meu aparelho sonoro celular, em modo streaming, mas a segunda, esta sim, me despertou um turbilhão de lembranças feitas sentimento. 


“Você que me continua”, canção do álbum A Curva da Cintura, do Arnaldo com Edgar Scandurra e participação de Toumani Diabaté, músico do Mali, África, me transportou à minha vontade de maternidade e sua justificativa (para mim mesma), da qual tinha um pouquinho de vergonha de contar e explicar.

É um tema que não costumo contar paratodos como me sói fazer quase sempre, contudo, aberta e escancarada que sou nas questões sentimentais. É que meu coração é dado a se manifestar em tudo, com todos, via sorriso e dentro  dos olhos. Assim, por ser tão poliana, escancarando sorrisos e positividade pelos quatro ventos, meu sentir fica ali, exposto na praça.

Mas este não, este guardava para mim, até ontem. É que em meio ao turbilhão provocado pelos sentimentos e homenagens em torno desta data querida, o dia de mães, me deu vontade de confissão, como já contei alguns parágrafos acima. E, de novo, paratodos! E estou aqui, pós etapa papel ontem à noite na cama, passando à limpo, para meu diário digital, esta Louca que vos fala.

O agnosticismo há muito diagnosticado (coincidência de sons!) e todas as incertezas acerca de nosso fim (e nossa origem, portanto) me provocavam um medo claustrofóbico até, pode? Diante de um nível elevado de temores e incertezas, a maternidade tinha (e tem), para mim, um viés de continuidade. PERMANÊNCIA. Nas ideias, nos valores, na formação, no gosto, um pouco de cada lado ou tudo junto e misturado. E eu tinha vergonha porque soa egoísta, né? Tipo quero ser mãe para eu ser eterna... eu permaneço! Só que não! Vai por mim e vê só! (quer dizer, lê só!).

 É que hoje, agora, perdi a vergonha. Escutando Jeneci (surpreendentemente) feito trilha sonora na festinha das crianças, na escola, meu pensamento foi até Arnaldo e dali ao Lourenço e à continuidade que ele significa para mim e na dimensão de tudo tanto. Convivendo, ensinando, educando vão ficando pedaços meus, que me significam e identificam, para ele, para mim e paratodos que me traduzem páginas da vida. Mas é, sobretudo, cumplicidade em construção, eu no outro, o outro em mim! No café, na pimenta, no jornal, no All Star, na música, na cozinha, na poesia. No amor crescente e compartilhado. VOCÊ QUE ME CONTINUA!