As saudações, cumprimentos e congratulações em torno da celebração do dia de mães, que acaba de passar por mim, me trouxeram lembranças recheadas de uma vontade de confissão (já deu pra perceber que sou chegada em uma confissãozinha escrita e digital, né?)
Saindo de casa para a homenagem da escolinha do meu Pituco,
coloquei Arnaldo Antunes para nos trilhar o caminho, no ritmo. Não imaginei que
teríamos ali, naquele momento, mesmo
sendo o músico/autor quem era, uma trilha sonora tão íntima e pessoal e tão
alinhada a nosso momento. Não foi a primeira canção tocada em meu aparelho sonoro
celular, em modo streaming, mas a segunda, esta sim, me despertou um turbilhão de
lembranças feitas sentimento.
“Você que me continua”, canção do álbum A Curva da Cintura,
do Arnaldo com Edgar Scandurra e participação de Toumani Diabaté, músico do Mali, África,
me transportou à minha vontade de maternidade e sua justificativa (para mim
mesma), da qual tinha um pouquinho de vergonha de contar e explicar.
É um tema que não costumo contar paratodos como me sói fazer quase sempre,
contudo, aberta e escancarada que sou nas questões sentimentais. É que meu
coração é dado a se manifestar em tudo, com todos, via sorriso e dentro dos olhos. Assim, por ser tão poliana,
escancarando sorrisos e positividade pelos quatro ventos, meu sentir fica ali,
exposto na praça.
Mas este não, este guardava para mim, até ontem. É que em
meio ao turbilhão provocado pelos sentimentos e homenagens em torno desta data
querida, o dia de mães, me deu vontade de confissão, como já contei alguns
parágrafos acima. E, de novo, paratodos! E estou aqui, pós etapa papel ontem à
noite na cama, passando à limpo, para meu diário digital, esta Louca que vos
fala.
O agnosticismo há muito diagnosticado (coincidência de sons!) e todas as incertezas
acerca de nosso fim (e nossa origem, portanto) me provocavam um medo
claustrofóbico até, pode? Diante de um nível elevado de temores e incertezas, a
maternidade tinha (e tem), para mim, um viés de continuidade.
PERMANÊNCIA. Nas ideias, nos valores, na formação, no gosto, um pouco de cada
lado ou tudo junto e misturado. E eu tinha vergonha porque soa egoísta, né? Tipo quero ser mãe para eu ser eterna... eu permaneço! Só que não! Vai por mim e vê só! (quer dizer, lê só!).
É que hoje, agora, perdi a vergonha. Escutando Jeneci (surpreendentemente)
feito trilha sonora na festinha das crianças, na escola, meu pensamento foi até
Arnaldo e dali ao Lourenço e à continuidade que ele significa para mim e na dimensão de tudo tanto. Convivendo,
ensinando, educando vão ficando pedaços meus, que me significam e identificam,
para ele, para mim e paratodos que me traduzem páginas da vida. Mas é, sobretudo, cumplicidade em construção, eu no outro, o outro em mim! No café, na
pimenta, no jornal, no All Star, na música, na cozinha, na poesia. No amor crescente e compartilhado. VOCÊ QUE ME CONTINUA!
Ô sorte este planeta tem por ter Lourenço continuando Poliana... ô sorte!
ResponderExcluire que delícia este elogio ‘das Neves’!!!!
ExcluirEste tema permeou muitas de nossas conversas.
ResponderExcluirEu dizendo não quero ser mãe por muitas questões e também por um certo egoísmo.
Você me dizendo quero ser mãe porque é uma forma de perpetuar, de continuar, de estar aqui mesmo quando fisicamente não mais estiver.
Esta visão "romântica" da maternidade me seduziu.
E eis-me aqui. Mãe,feliz.
No domingo, você me perguntou:
Como é pra você este dia? Como é estar sem a tua mãe?
Eis a resposta: Ela está, eu a continuo.
Beijos
que delícia te saber assim e que delícia maior saber que tenho parte nesta tua nossa visão romântica!!!
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