Após longo e tenebroso inverno, literalmente, aquela ânsia por entender o que não se explica ainda é parte de mim. Ainda não querendo, ou não conseguindo, crer naquilo que não se prove, mas mergulhada naquela incansável busca pelo desconhecido e inexplicável.
Aprendi hoje lendo um texto de um filósofo alemão, Pascal Mercier, que um dos pilares desta nossa fome perene, desta nossa eterna busca, seja pelo que for, pode ser um estado de permanente desilusão. Sim, porque a desilusão, relacionada a qualquer coisa, nos faz buscar esta coisa, perseguir, procurar incessantemente. Mais um fruto do eterno paradoxo da condição humana. Nada nos faz querer mais, nos move mais em determinada direção que a impressão de que 'aquilo' está fora de nossa alcance. A possível desilusão nos arranca e nos move. "O Bálsamo da Desilusão".
Como não tenho as respostas todas, sigo buscando. E querendo mais. Sempre. Aprendi que o querer é a base de meu crescer. Enquanto pessoa, e também, e principalmente, enquanto paciente pós trauma.
E qual é o limite? Ainda não me foi apresentado.
Além de respostas inúmeras e inquestionáveis às minhas recentes buscas físicas e mentais, fui presenteada com um novo ângulo de 'mirada', um novo olhar. Hoje, considero que tenho uma percepção diversa sobre tudo. Ganhei um ângulo adicional de observação, uma variável extra em minhas avaliações e considerações. Diferente. Uma avaliação distinta de tudo e de qualquer coisa. As pessoas, as relações, os valores ganharam um outro peso em meu peito e um outro ângulo em meu olhar.
E, por hora, cresce meu fôlego dentro desta permanente 'desilusão', desta incansável busca por mais. Mais tudo. Porque "alguém que realmente quer conhecer a si próprio deveria ser um colecionador obcecado e fanático de desilusões", como cita o professor Pascal Mercier em seu "Trem Noturno para Lisboa". E não há nada que me mova mais neste momento que a possibilidade de conhecer os novos contornos sobre mim mesma.
Poliana:
ResponderExcluirQuanta lucudez! Admirável!
A desilusão denuncia a necessidade de buscar a nossa verdade e, assim, se dá o crescimento. Beijos.Regina