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segunda-feira, 8 de agosto de 2011

uma coisa de cada vez

Ando vivendo, hace mucho, uma avalanche de resgates. Resgates mínimos. Uma coisa, pouca, de cada vez. Mas tenho aprendido, mais do que nunca, a sentir, viver e valorizar esta felicidade, assim, de pequenas realizações... fácil mesmo, que vem sempre a mim por motivos poucos. Hoje, tenho milhares de pequenos objetivos e estou sempre nas fronteiras de realização d'algum. Muitos, pequenos, mas contínuos e de coisas que tive forte risco de não ter de volta. Minha vida parece que estacionou em um escada. Gradação ascendente.

Me sinto crescendo dentro de mim. Ganhando espaço na personalidade, na consciência, na coragem e nas vontades todas.

Um resgate, uma recuperação que me dá um sorriso largo no rosto, no peito e na alma é ter voltado a reconhecer música. Isto havia se perdido em mim. Era uma conexão que havia desaprendido a fazer. Ouvia a música, reconhecia, sabia cantar mas saber de quem, de que grupo, banda, projeto, cantor, saber o nome, isto já trilhava o impossível. Não conseguia associar um som e sua origem. Nunca. Conexões e associações entre distintos campos cognitivos. Esquece. Não falaVA esta língua.

Mas comecei a reconhecer de novo. Rádio, MTV e afins têm sido uma boa phonoterapia em meus dias. Como sempre baixo muita coisa, frutos de incansáveis pesquisas e trocas contínuas de referências, tenho um arsenal poderoso para teste... Meu 'arsenal' de música 'contemporânea', modéstia às favas, tende ao infinito.

Outro resgate feliz, apesar dos pesares, foi voltar a chorar. Eu, que sempre fui uma pessoa de emoções extremadas, desaprendi também isto. Nada me emocionava mais. Nunca. Até reconhecia, racionalmente, algo como sendo triste, depressivo, melancólico, trágico, doloroso e afins. Mas isto. Reconhecia e ponto final. Nada dentro de mim se revolvia com aquela constatação. Parece que meu cérebro foi tão duramente chacoalhado que derramou toda reserva de lágrimas. E foram as sessões de Terapia pós Trauma que as trouxeram de volta. A súbita consciência profunda de todas as faces deste acidente em minha vida me fez derramar muitas lágrimas. E assim trouxe a emoção de volta a meus dias.

E seguindo na parte aquosa dos resgates, voltei a chorar de todas a maneiras que o choro pode se fazer presente. A greve das lágrimas era tão séria que já não chorava, tampouco, cortando cebola. Qualquer cebola. Nem mesmo aquelas das famílias mais radicais que fazem chorar até mesmo os vizinhos. De mesa ou de sala. Não. Em mim, parecia que a fonte havia secado mesmo. NADA me trazia choro. E agora, como antes, TUDO pode me fazer chorar novamente. A realidade, um filme, uma música, uma lembrança, um fato, amigos, amores, cebolas.

Colocando um ponto final nesta listinha de resgates (não que ela tenha acabado, mas para poupar vocês de tudo tanto), outro fato que me aconteceu há pouco tempo, pour la premiére fois, apres tout, como tudo aqui... voltei a sentir o coração descompassado. Sim, havia me esquecido como, porque, que gosto tem, a alegria incomum, out of blue, que pode nos trazer...

Que disritmia deliciosa...


3 comentários:

  1. Poliana,
    Seu resgate é nosso, que acompanhamos vc sempre.
    Sem choro, sem emoção, sem "cebola" sem a música como está agora, vc sempre estava NO PONTO.
    Bem MIÓ !!!!!!!!!!!!!!
    Márcia Araújo

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  2. Como chorona assumida, devo confessar que fico feliz com o retorno de suas lágrimas. Algumas das muitas que chorei foram dedicadas a vc... Junto com orações elas confortam.
    Andréa.

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  3. Bom isso, heim.. também preciso resgatar o direito de chorar... belo texto, Poli

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