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segunda-feira, 17 de outubro de 2011

estrela da vida inteira

Canção do Vento e de Minha Vida
Manuel Bandeira

O vento varria as folhas,
o vento varria os frutos,
o vento varria as flores...
E a minha vida ficava
cada vez mais cheia
de frutos, de flores, de folhas.

O vento varria as luzes,
o vento varria as músicas,
o vento varria os aromas...
E a minha vida ficava
cada vez mais cheia
de aromas, de estrelas, de cânticos.

O vento varria os sonhos
e varria as amizades...
o vento varria as mulheres.
E a minha vida ficava
cada vez mais cheia
de afetos e de mulheres.

O vento varria os meses
e varria os teus sorrisos...
o vento varria tudo!
E a minha vida ficava
cada vez mais cheia
de tudo.

Porque é assim que me 'arrebento de tanto existir'. Me colocando a favor deste vento que varre as luzes, as músicas, os aromas, os sonhos, as amizades, as estrelas... E minha vida vai sim, ficando também cada vez mais cheia de tudo tanto...

É uma pluralidade de significados e uma ânsia por (re)experimentar cada pedaço de meu caminho, cada vírgula do cotidiano, aprendendo, ao dia.

Todo pedacinho de memória traz consigo um amplo e saboroso hipertexto cognitivo. E sigo me redescobrindo e me reconstruindo, ao sabor deste vento que tudo carrega e tudo me traz...

... e já não estou cabendo aqui, dentro de mim...

2 comentários:

  1. É só explodir em flores, aromas, estrelas, sonhos, sorrisos e "ir levando"
    Márcia Araújo

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  2. Lucia Pinheirooutubro 23, 2011

    Poli,
    este poema do Bandeira caiu no meu vestibular, em 1970. Lembro-me como se fosse hoje.Ele vem me acompanhando e a minha vida vai ficando "cada vez mais cheia de tudo..."Bjos,
    Lúcia

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