De passagem por BH um final de semana desses, me decidi a estender minhas fronteiras ‘Sescianas’ a uma unidade recém inaugurada por lá, o SESC Palladium.
Queria ver uma mostra ou uma exposição (não me lembro que nomenclatura ou formato a reportagem que li adotava) inserida na temática ‘street art’, que me é tão cara, tanto me atrai por seu caráter informal e espontâneo e também por ter uma linguagem tão própria.
Mas chegando lá, o que li (ou intuí, não sei bem) que seria uma mostra, se revelou e se limitou a um único painel.
Mas estando já por aquelas fronteiras, me decidi a ficar e ver o que mais me trazia o SESC mineiro. O que mais do mesmo, diga-se de passagem. Queria algum algo dentro do conjunto artes plásticas.
E aí, descobri uma exposição de Maria do Céu Diel, uma artista de Porto Alegre, mas já desfrutando de certa inserção internacional. E o release da exposição "Entremundos" me fisgou o interesse.
O que mais me atraiu foi o fato de sua obra consistir em um grande “rascunho” de todo um processo criativo. Colagens, gravuras, cadernos de desenho, livros de lugares por onde ela passou e que conheceu. São as “viagens” particulares e peculiares de sua mente acerca de viagens concretas que ela teve, e tem, vida afora. Me pareceram frutos vários de seus caminhos e ‘des’caminhos ao redor do mundo.
Um quebra cabeças geográfico traçando seus contornos em diferentes materiais e fazendo da máxima “o meio é a mensagem” seu lema.
Livros de desenhos, colagens, gravuras e etceteras vários nos traziam as peças deste quebra-cabeças e nos provocavam na delimitação de suas fronteiras: O que é de quem?
E assim me descobria, por vezes, tentando traçar alguma identidade entre aqueles pedaços de mundo ali retratados e sua localização cartográfica: - A que pedaço de mundo pertencem estes pedaços de coisas?
E as obras carregavam todas o mesmo título: ‘Obra sem título’.
O que me perturbou, a princípio, me fez questionar, com o passar das horas, até que ponto um título, sobretudo em arte contemporânea, não nos direciona o olhar. E dar um nome a uma obra seria, em si, um novo trabalho. De leitura e interpretação. Trabalho este que pode, sim, ficar a cargo de todo ‘interlocutor’ daquela obra.
Até que ponto não seria interessante construirmos, nós mesmos, com nossas referências pessoais, nosso hipertexto cognitivo, nossa leitura daquilo que se apresenta diante de nossos olhos.
E até seria uma exposição interessante: as várias leituras da obra de fulano de tal.
E Poliana, Maria do Céu, gostou da leitura particular que ela fez de sua obra e das perguntas que se colocaram para ela…
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