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quinta-feira, 1 de março de 2012

sensíveis detalhes

Engordando os questionamentos que me trouxe a exposição da Jac Leirner, que fui há pouco tempo, na Pinacoteca do Estado, uma outra exposição, Sensíveis Detalhes, A Grécia vista por Outro Ângulo, do grego Michele Angelillo, no MUBE, veio somar nas mesmas e em outras questões. E torná-las ainda maiores.

Como já andei tecendo palavras por aqui, a obra da Jac Leirner coloca muito fortemente o questionamento dos limites e definição do conceito de arte. Ao nos trazer objetos vários do quotidiano, e deslocá-los de seu contexto original, ela nos dota de novo olhar. Em uma redefinição de todos os aspectos de nosso ‘hipertexto referencial’ para avaliação do que se exibe à nossa frente, nos vemos desnudos de parâmetros e paradigmas e nos propomos a construir uma apreciação que parte do zero, isenta de pré-conceitos.

E Michele Angelillo em seu ‘Sensíveis Detalhes – A Grécia Vista por um Outro Ângulo’ amplia tais questionamentos e traz novas variáveis. Outras questões que se colocam aqui são o ‘porte’, a magnitude e o 'caráter acessório' de alguns dos 'objetos' retratados, trabalhados, focados. Ao nos trazer dimensões diminutas e formais acessórios, a ações e objetos, desloca a atenção para sensíveis detalhes, antes desapercebidos.

Angelillo lança uma arte que mescla fotografia e técnicas radiológicas. Fato que se justifica por sua atividade profissional: médico radiologista.

Fotografar é atribuir importância... e direcionar olhares. E é isto que Michele faz bem. Nos traz todos para um universo antes 'desconhecido', os acessórios, os 'sensíveis detalhes' de nossos dias, de nossa vida, da Grécia e do que a compoe. E nos torna capazes de captar a poesia oculta no cotidiano. Sua fotografia entremeada por esta técnica torna-se uma forma de distorção ao passo que configura uma forma de desnudar, através do olhar, um mundo quase sempre oculto, porque acessório.

De maneira discreta, as obras apresentam aos visitantes os “sensíveis detalhes” que estão presentes no cotidiano grego. Assim, abre nosso ponto de vista e perspectiva. O olhar do artista nos torna capazes de, através dele, enxergar arte onde antes víamos somente peças do cotidiano. A Beleza maiúscula em objetos minúsculos de nosso dia a dia.

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