Minha agenda do SESC daquele domingo trazia um lembrete de
um show, de ingressos comprados, do qual eu não sabia nada a não ser a
participação especial. Era um show de um grupo chamado Delicatessen com
participação especial de João Donato.
Em meu dia D de definições de toda a programação cultural do
SESC para o mês, o dia primeiro, vi este show listado e vi que traria
participação do João Donato.
João me tomou pela mão e conduziu minha imediata decisão
afirmativa. Se o grupo traria participação dele, isto pressupunha alguma
identidade musical, ainda que ligeira. E isto me bastou.
Comprei. E fui.
Aprendi que Delicatessen apresenta releituras de clássicos
do jazz no tom da bossa nova. Standards da própria bossa e do jazz, em arranjos
sofisticadamente elaborados e muito delicados.
E João Donato mostrou que sua participação naquele show,
naquele repertório, naquele ritmo era algo além de especial. Seu piano doce e
aquela voz entoando uma bossa de murmúrios, um vocalize meio bossa n'roll, nos levava a outro tempo, a outros ares.
Músicas cheias de significados 'paratodos', parte de nossa memória musical
coletiva. Referências de uma época, de um movimento.
Clássicos do jazz com arranjos bossa-nova... Um som
intimista de arranjos elaborados e particularmente doces. Um solo de bateria no
meio de toda bossa, inusitadamente delicado, foi um deleite.
Não era a clássica (e também saborosa, em outra dimensão)
profusão de instrumentos do universo rock, ou do universo indie, ou do universo
folk.
Não era uma profusão de instrumentos.
Ouvia-se 'espaço' para a melodia','espaço' para o
silêncio.'Espaço' para o aplauso.
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