A composição cenográfica do palco: três lâmpadas incandescentes e o CHÃO. E o minimalismo da cenografia refletia, também, na formação musical que o acompanhava.
Era Lenine apresentando seu novo álbum, CHÃO, no SESC Pompéia, acompanhado de dois músicos. Eram somente eles, sintetizadores, mesa de som , banjo e bandolim elétricos, um iMac. E pausas.
Nenhuma das canções de ‘Chão’ trazia bateria. As melodias eram todas construídas de outra maneira. Com ruídos e distorções que marcavam, pontuavam produção tão lírica e poética e entoavam a diferença mostrando os novos caminhos sonoros de seu trabalho. Lenine, inquieto, dá corpo eletrônico à sua poesia e uma sampleada em seu lirismo. Deliciosa equação.
Barulho de passos, uma máquina de lavar centrifugando, batidas de coração, cigarras ao fim da tarde, uma máquina de escrever e outros ruídos, ora concretos, ora puramente eletrônicos formavam uma sonoridade muito particular e instigante. Sons do cotidiano traziam intimidade ao trabalho.
“Eu estava ainda no primeiro lote de canções do disco,
quando fui gravar uma guia no estúdio. Quando fui ouvir, a gente se surpreendeu
com uma gravação que captou o canto de Frederico 6, o canário belga da avó de Bruno,
isto é, minha sogra. Então, decidimos assumir isso. E assim foi o resto de todo
o trabalho. Compus em cima de áudios.” , conta Lenine, traduzindo as inserções ‘concretas
de seu álbum.
O teu chão me tirou do meu, Lenine. Sofisticado, poético e contemporâneo. Teu lugar hoje na cena musical brasileira é, notoriamente, na prateleira de cima.
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