Translate

sábado, 4 de agosto de 2012

o chão de Lenine



A composição cenográfica do palco: três lâmpadas incandescentes  e o CHÃO.  E o minimalismo da cenografia refletia, também, na  formação musical que o acompanhava.

Era Lenine apresentando seu novo álbum, CHÃO, no SESC Pompéia, acompanhado de dois músicos. Eram somente eles,  sintetizadores, mesa de som , banjo  e bandolim elétricos, um iMac.  E pausas. 

Nenhuma das  canções de ‘Chão’ trazia bateria. As melodias eram  todas construídas de outra maneira. Com ruídos e distorções que marcavam,  pontuavam produção tão lírica e poética e entoavam a diferença mostrando os novos caminhos  sonoros de seu trabalho. Lenine,  inquieto,  dá corpo eletrônico  à sua  poesia e uma sampleada em seu lirismo.  Deliciosa equação.

Barulho de passos, uma máquina de lavar centrifugando, batidas de coração, cigarras ao fim da tarde, uma máquina de escrever  e outros ruídos, ora concretos, ora puramente eletrônicos  formavam uma sonoridade muito particular e instigante. Sons do cotidiano traziam intimidade ao trabalho.

“Eu estava ainda no primeiro lote de canções do disco, quando fui gravar uma guia no estúdio. Quando fui ouvir, a gente se surpreendeu com uma gravação que captou o canto de Frederico 6, o canário belga da avó de Bruno, isto é, minha sogra. Então, decidimos assumir isso. E assim foi o resto de todo o trabalho. Compus em cima de áudios.” , conta Lenine, traduzindo as inserções ‘concretas de seu álbum.

O teu chão me tirou do meu, Lenine. Sofisticado, poético e contemporâneo. Teu lugar hoje na cena musical brasileira é, notoriamente, na prateleira de cima.
  

Nenhum comentário:

Postar um comentário