"Uma escultura é uma interrogação,
uma questão, uma resposta. Ela não pode ser acabada nem perfeita.”
É possível enxergar esta visão nas
esculturas de Alberto Giacometti, autor da frase. Ele é o homem por trás de
figuras esguias, longilíneas, alongadas – desenhos e esculturas de troncos
estreitos, todos trazendo uma verticalidade expressiva.
Ele afirmava que, na tentativa de dar mais volume a
uma escultura, sempre acabava falhando e deixando-a ainda mais esquálida. É
por aí que percebemos, assimilamos esta sua visão de incompletude. Inacabado,
é como sempre considerou tudo.
Em exposição de sua obra, na Pinacoteca do Estado, conseguimos
vislumbrar sua arte como esta permanente busca. Esta sua ideia da arte sempre
inacabada, a princípio perceptível em sua obra, quem nos conta é Jean Paul
Sartre, amigo e influência. Ele representava não o ser ou o objeto, mas nossa
percepção à distância; uma (nossa) deformação derivada da sensação de olhar o
objeto. Assim, ele esculpe o homem como o vemos, à distância, uma revolução na
história e na arte da escultura.
Em vários textos parede afora, intercalando as
obras ali exposta, Sartre nos conta daquela arte, ilustrando a ligação dos
dois.
É um panorama bastante completo, ocupando todo o
primeiro andar da Pinacoteca, com salas expositivas que se articulam em torno
das obras. São pinturas, esculturas, desenhos e gravuras. Mas, apesar da
‘ampla’ produção ali exposta, foram as esculturas que trouxeram prestígio a seu
nome e são elas, também, a parte mais representativa de tudo que se vê nesta
exposição.
Suas esculturas são peças em bronze e gesso, em um
modo original de representar o corpo humano. No octógono, salão central do
museu paulista, L’Homme qui Marche, sua mais célebre versão de suas conhecidas
figuras esquálidas em bronze, dá forte impressão de
movimento. É uma escultura viva, porque caminhando.
Ele nos passa sua impressão de que a vida está nos
olhos. Reflexo de suas divagações com a questão do olhar são as anatomias pouco
usuais de suas criações, algo distorcidas.
Aí figuram também os retratos, pintados ou
esculpidos, o que, para ele, é a representação do outro emoldurado. Literal e iconicamente. São retratos de ‘todos os
homens’, rostos quase anônimos, abertos à significação do espectador porque jamais apreendidos em
sua integralidade. São, também, desenhos de escultor: dotados de profundidade e
ângulos.
Suas figuras tornam-se uma linguagem, uma
identidade, aberta à leitura pessoal de cada espectador. Porque a vida está nos
olhos.
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