Conexões hipertextuais... Requintes de uma ‘des’memória em processo de reconstrução.
Em uma cantina argentina, com amigos, empolgados com a atmosfera porteña, falamos em uma noite típica, recheada de aperitivos, pratos muy sabrosos, vino e música, claro!
Nos empolgamos na seção musical, falando no que conhecemos, queremos e buscamos.
Como trilha para o nosso papo, começa uma canção que sempre gostei muito, desde que conheci. E continuo gostando. Desmemória ativa, reconheci de imediato, mas não identifiquei!
Até levantei o tema com os amigos: ‘vejam só, falamos em música Argentina en nuestra noche e vejam o que toca!!!’
No detalhe, não entrei. Que eu conhecia aquela música (sabia até cantar), mas não me lembrava quem eram aqueles! Aquele cantor ou grupo ou projeto.
Colei ouvidos e cabeça na música e fiquei tentando buscar conexões. E, continuamente, sopravam em meu ouvido: Cortázar. Ao que eu alegava, pretensa detentora de uma cultura maior: Caracas… Cortázar é escritor. Porque é que estou pensando nele, assim, insistentemente?!? O que quero saber é o grupo por trás desta canção.
E Cortázar insistia. Ao final, ele já trazia consigo um nome: Amarelinha ou amarelinho. O gênero, não sei, mas achei que pudesse ter alguma relação com o nome da canção.
Anotei um trecho da música (o que eu cantava) para pesquisas posteriores.
Fui para casa, dormi, acordei. Ainda deitada, peguei minhas notas em minha bolsa pela manhã, li, cantarolei e imediatamente me lembrei: é Rayuela do Gothan Project, baseado no mesmo Rayuela do Cortázar. Rayuela, termo em espanhol, que significa jogo de amarelinha.
Uma canção que levou ao autor, que me levou ao livro, que me levou ao jogo e sua tradução. É bem um indivíduo com quem ando falando muito, ultimamente, o sr. hipertexto cognitivo. Acordando...
A memória tem razões e caminhos seus, mas construídos por nós, tijolo por tijolo. O jogo, o espanhol, a música, a literatura.
Ótimas referências portenhas, engendradas com uma conexão textual e cognitiva tão rica. Adorei!
ResponderExcluirBreno.
Vontade de retornar a Buenos Aires.
ResponderExcluirMárcia araújo