Tudo
começou bem enquanto éramos somente nós, os três andarilhos, a trilha e seus obstáculos menores como
gravetos, galhos, mato, uns desníveis aqui e ali, pedras y otras cositas mas. Beirávamos
um trecho da mata nativa da Floresta da Tijuca e pretendíamos subir até o
Redentor pela sedutora trilha do Parque
Lage, no bairro do Jardim Botânico, no Rio.
Enquanto
o cenário desenhava poucos obstáculos, como parecia no início, eu estava bem e
até pensando cá comigo: ‘Ahhhh! Que moleza! Esse troço de trilha ‘tá ficando
desafio pouco para mim!!!’
Meu
cajado high tech me bastava para me devolver uma segurança que aquele terreno
irregular tentava me tirar.
Depois
de um tempinho trekando horizontalmente, começamos, então, a subir, com os
mesmos muitos gravetos, pedregulhos, desníveis, galhos e com alguns
acompanhantes adicionais:
-
altos degraus ali posicionados pela mão humana n’uma tentativa de tornar ângulo
tão forte de inclinação, algo transponível
(ou não!).
-
Numerosas e volumosas raízes de árvores que, diante da verticalidade do morro, que ali se fazia seu solo, eram parcialmente
desnudadas e tornavam-se obstáculos (outros também altos).
Aí
ferrou! Com tantos obstáculos eu precisava, muitas vezes, além de meu cajado
high tech, das duas mãos, dos braços e do corpo de meu amor para me segurar ou
me impulsionar ou me puxar.
Ainda
assim, caí algumas vezes. Os múltiplos desníveis me provocavam vertigens. Eu procurava, procurava e não achava galhos ou
árvores ou pedras ao derredor para me apoiar e fixar pernas e braços e…
ahhhhhhhhhhh!!! Acabava por fixar corpo inteiro no chão!
Hora e meia de subida depois, um morro absoluta e invariavelmente vertical
se colocou diante de meus olhos. Sem galhos, pedras ou troncos que me servissem
de apoio, sentei e chorei.
Um
‘casi drama mexicano’ tomou lugar naquela aventura trekkeira.
“-Não
consigo subir. Não consigo dar um passo adiante com isto tudo que tenho diante
de mim. Estou atrapalhando o programa de vocês. O que era para ser uma aventura
ganhou ares de assistência ‘pessoal’ de mão
única. A de vocês comigo. Vocês me ajudam e eu não ajudo ninguém.”
Ao
que eles me consolaram, ajudaram e impulsionaram naquele e n’outros
morros com forte pinta de intransponíveis que surgiram e assim seguimos.
Com duas
horas de subida (ÍNGREME), soou o alarme da prudência: hora de voltar.
E
veio em boa hora, este alarme. Se na vida dos normais (no quesito equilíbrio); para baixo, todo santo ajuda; em nossa ‘triste
vida severina’ de desequilibrados; para
baixo, todo santo empurra.
Mas
enfim, tive de descer grande parte de nosso caminho de volta sentada, me
arrastando encosta da montanha abaixo, me apoiando com as quatro patinhas no
chão.
E
na descida é que pude ver o tamanho (e a altura) das vitórias de minha subida
(plurais)
Para
quem chegou a não andar pela ‘simples’ falta de equilíbrio, estou quase uma
malabarista.
Estímulos
constituem a base de meu interminável processo de recuperação. E este trekking
somou o claro estímulo físico de todo a processo e um inestimável
estímulo psicológico, o da vitória!
Poliana, parabéns não só pelo texto, mas também pela sua vitoriosa aventura!
ResponderExcluirSeu blog, além de interessantíssimo, serve lição pros seus leitores!
Continue assim!!
:)
ResponderExcluirvocê, além de escrever muito bem, tem sensibilidade de artista.
ResponderExcluiraos poucos, vou lendo os outros textos tbm.
forte abraço, Jan.