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sábado, 16 de fevereiro de 2013

em ebulição



Eu, ao contrário do que andei lendo por aí, antes de ver o filme, sabia, sim, quem é Jorge Mautner. Veio daí minha opção por ele em um sábado à noite.  Mas não tinha a dimensão de seus significados ou mesmo de sua personalidade.

Com vasto material de arquivo entremeado por performances atuais, ‘Jorge Mautner, O Filho do Holocausto’, narra a evolução artística de seu protagonista. O filme proporciona uma viagem. Melhor, duas: pela vida e mente do artista. E caminho afora, ganhamos a dimensão da genialidade de um cara movido pela arte. E em ebulição.

No conteúdo, o ‘doc’  traz um pouco de tudo o que o gênero costuma mostrar. Múltipla como sua fonte, esta história se faz de muitas peças. Uma cinebiografia recheada de imagens e performances, novas e antigas, ricos depoimentos de seu entorno afetivo e profissional; tendo como pano de fundo o contexto histórico de seu tempo e sua vida.

No início, nos vemos  frente ao filho do holocausto. Começamos nesta estrada, com a vinda de seus pais ao Brasil e sua relação com a segunda guerra mundial. Aqui, ele se torna membro do Partido Comunista e é, assim, exilado nos EUA e em Londres, onde conhece Caetano e Gil, então tropicalistas. É dada, então, a da largada para o Mautner que conhecemos, artística e culturalmente tão nosso e tão rico!

Na forma, no entanto, é que o filme vai além.  Aqui é, também, uma linguagem múltipla e segmentada, mas original.
Em alguns momentos, o artista lê sua biografia, se interpretando, personagem de si. Em tom dramático, poético, algo filosófico, mas lúdico, por fim; Mautner nos traz Mautner, em diversos níveis de metalinguagem.

Os depoimentos, todos, ocorrem em um estúdio. Vários artistas, como Caetano, em forte participação, tecem elogios. Bial, diretor, interfere fazendo perguntas em cena. Sua filha Amora, em momento expressivo, confronta o e questiona o pai, amorosamente, acerca de sua infância insólita.

Destaque, também e ainda, é a trilha sonora composta por diversas canções suas executadas com esmero por forte time da música brasileira. Ali estavam e tocavam e cantavam, Nelson Jacobina, Kassim, Domenico, Pedro Sá, entre outros.

Assim, o filme é um grande show deste multiartista, com produção grandiloquente. Compositor, cineasta, personagem heterodoxo da cena cultural brasileira, Mautner se revelou, para mim, um poeta de ideologias. Múltiplos. Ele e elas.

Um comentário:

  1. Show de filme e comentário. Parabéns!

    Viva a multiciplidade de Mautner.

    Mariângela

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