Vítor Araújo, com seus 18 anos, subverte uma nossa idéia de concerto, misturando música contemporânea e popular com erudita. Brincando com as canções, trocando sua ‘roupagem’, como diz gostar de fazer, ele nos propõe um quebra cabeças onde peças absolutamente distintas teimam por se encaixar. E o fazem.
Neste ritmo, em show no teatro do SESC Pompéia, ele apresentou seu quase primeiro álbum; A/B. É que o primeiro, de fato, foi um registro ao vivo de um show e o A/B vem recheado de composições próprias e (inusitadas) releituras.
Durante a apresentação, ele parece pulsar no ritmo da música que produz. Parece estar dentro dela. Por isto um ‘recurso cênico’ utilizado, legendando o que seriam suas falas, pareceu uma solução muito útil para um artista visivelmente imerso. Em bem humorado, mas silente, diálogo com o público, ele se traduz nas legendas e nos apresenta seu experimentalismo total. De música, de atitude, de palco, de forma.
Experimentando toda a intensidade proposta; imersa, também, mas em algo que não conseguia dimensionar, pensei na elevação que a música algumas vezes provoca. Uma elevação que nos colocaria algo além do humano.
Mas não... retifiquei imediatamente, ainda no pensamento. Não crescemos além... O humano é grande. Músicas assim refletem o humano em sua faceta mais sublime.
Pausa para respirar.
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