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domingo, 17 de março de 2013

estória ambulante



Bom Retiro 958 metros. Não, esta não é uma prova de atletismo que acontece neste bairro, em São Paulo. São, sim, 958 metros de caminhada pelas ruas desta mesma vizinhança, mas acompanhando uma peça de teatro, deambulante, que utiliza a cidade como espaço cênico.

Tendo a Oficina Oswald de Andrade como ponto de encontro e a rua como palco, o Teatro de Vertigem apresenta, em uma espécie de mergulho no cenário, fortes características formadoras do Bom Retiro.

O fluxo migratório intenso, o consumo, a moda, as relações de trabalho constituem os pilares deste edifício em construção. Fruto de um processo colaborativo dinâmico, a peça continuou a ter seu texto alterado, após a estreia.

São situações entrecruzadas em um shopping, marquises de lojas fechadas, cruzamentos, vitrines, entre outros, retratando ‘subprodutos’ sociais de uma ‘des’organização migratória.

O Teatro de Vertigem é forte na exploração do espaço público. Nesta história, que corre um kilomêtro ‘Bom Retiro’ afora, é interessante observar a maneira como a peça faz uso da cidade, seu ritmo, seus tempos e movimentos, sua dinâmica e, dentro disto, como os atores articulam a disposição do público.

Através de personagens seus, as ruas do bairro nos contam sua história. Uma faxineira de shopping ( do ‘Dopping Center’!), um viciado em crack, uma manequim, dessas de vitrine, uma noiva, crias de um nosso desvio social, nos mostram em pequenas e seguidas esquetes, outros ângulos, que não os oficiais, deste cenário, também da vida real.

Com o correr da peça (ou o andar, para ser mais precisa e literal) nos fica claro que aquele bairro, o Bom Retiro, pelos menos nos 958 metros percorridos, existe no e para o dia. É um pedaço da SP ‘útil’. Dos dias e horas úteis. E, assim, fica mais forte e apropriada a alocação da trama e do ‘submundo’ que representa.

Ótimos todos! A história, a peça, a experiência.

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