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quinta-feira, 16 de maio de 2013

crônica de uma morte anunciada



O fato do filme  estar em cartaz exclusivamente em shoppings  (todos) me colocou um pé atrás. Eu já tinha um, é verdade, pela grande produção, pelo alarde blockbuster. Isto queria dizer algo. Nenhuma salinha de rua, pretensamente cult ou mirando no telespectador por si e em si, não no telespectador secundário, antes consumidor.

Mas, nos últimos minutos do segundo tempo, achei uma salinha perdida por baixo Pinheiros. Melhor: só eu e outras dez pessoas, no máximo, achamos.

Cedi a ímpetos nostálgicos, orbitando anos 80 afora e fui ver  ‘Somos Tão Jovens’, longa que retrata a juventude do líder do Legião Urbana, em Brasília.  Além da boa descoberta da sala, o filme me surpreendeu. Registro autêntico de uma época tão importante para a música nacional, ganha pontos por não apelar para sentimentalismo. O filme não é recheado de clichês, como se poderia esperar do tema: cinebiografia de um músico, ídolo de proporções messiânicas, que teve morte prematura, no auge de sua carreira.

Apesar do título destes escritos que se seguem, não, o filme não trata da morte do protagonista. Nem sequer aborda. O filme se estende do período de formação do grupo, antes mesmo de se fazer Legião, até um primeiro show fora da zona distrital, no Circo Voador, no RJ.  

Retratando o nascimento da banda, ‘tijolo por tijolo’, o longa bem pontua os maneirismos de Renato Russo, sem fazer deles piada, só diferença. E o ator passa bem a personalidade do protagonista, sua excentricidade, genialidade latente e sua insaciável fome de mais.

A escalada do grupo principia em festas de amigos através, inicialmente, de uma outra formação. A partir de um ‘Aborto Elétrico’, nome de seu projeto inicial, uma ‘Legião Urbana’ começa a ganhar corpo. Em ótima ambientação da época somos apresentados ao anônimo Renato Manfredini Jr, adolescente classe média de Brasília, professor de inglês, inteligente e insaciável, vítima de uma doença óssea de nome estranho, epifisiólise, que o deixa prostrado na cama por um ano e o leva, assim, à música

 O filme retrata os musicalmente prolíficos anos 80, uma época de surgimento de outras bandas tais como Plebe Rude, Paralamas e Capital Inicial, tão trilha-sonora de ‘um’ nosso tempo; o que se sente por alusão ou referência.

‘Somos tão Jovens’ ganha por nos apresentar uma parte da história que não conhecemos, a gênese do fenômeno cultural Legião Urbana e também ganha por trazer uma sucessão de hits cujas letras comoveram quem foi jovem há 30 anos, canções tão parte da trilha sonora de um tempo. Difícil, aliás, não seguir cantarolando por todas as performances representadas no filme.

Quando o filme acaba, uma das canções segue ecoando em nós: “Mas eu dizia ainda é cedo, cedo, cedo…”

“Força Sempre!”

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