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domingo, 29 de setembro de 2013

compra-se um perfil


Pincei um trecho de parágrafo  de um texto do Zygmunt Bauman,  sociólogo polonês, visto (e debatido) em sala de aula, ‘O segredo mais bem guardado da sociedade de consumidores’, guardei embaixo do travesseiro e dormi pensando nele, dia desses.

E acordei querendo refletir  um pouco mais sobre a questão. A certa altura, ele afirma que todos habitamos o mesmo espaço social, o mercado. Qualquer que seja o nicho a que cada um de nós, é encaixado pelos construtores de tabelas estatísticas.

Peguei esta afirmação, concordei com ela, mas saí pela tangente. Me fixei  em  um seu acessório para minhas elucubrações pessoais. Claro, vivemos o mercado em todas as esquinas de nossas vidas, fazemos marketing de nós mesmos, estamos hoje em vitrine permanente.

Mas,esta informação que me fisgou é um complemento, digamos assim, da afirmação do autor. As tabelas estatísticas. Não vivemos hoje sem classificar, eleger, categorizar, tudo visando um melhor uso da informação, em nome de um consumo e um marketing mais direcionado. Com um acesso e uso mais aprimorado de infindáveis bancos de dados, antecipamos qualquer iniciativa.

E as tabelas são parte de um ciclo vicioso que ganhou a dinâmica de nossa sociedade de consumidores. Em  tempos de fetiche da subjetividade, o homem faz mercado de si e quer pertencer a grupos estatísticos determinados, comprando um  perfil.  Consome em função de determiná-lo. Assim, seu consumo alimenta estas  tabelas estatísticas e a divulgação destas alimenta, em retorno,  a determinação de perfis.

 Já que somos assim classificados, compramos um nosso perfil e nos encaixamos nas estatísticas.

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