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domingo, 3 de novembro de 2013

o imediato em 'des'construção


Aqui, tudo se desmonta. Melhor, se destrói. Encena-se a arte do devir, sob o signo do caos.  Simultaneamente, faz-se arte e coreografa-se a destruição. Contemporaneamente, em trabalho de sintaxes pouco ortodoxas, invalidando e anulando classificações.

Inclassificável, pois. Um espetáculo na fronteira entre teatro, dança, circo feitos, todos, malabarismo.  Ou sem fronteiras. L’Immediát, premiado espetáculo francês, traz o ritmo das ruas para o para o palco, ou para o picadeiro. São seis  corpos que parecem condicionados à instabilidade, à busca permanente do equilíbrio, portanto, com o imediato como cenário cotidiano, gerando ebulição e frenesi e uma desordem escancarada e brutal.

“Pedimos que evacuem o teatro. Cinco minutos de intervalo”. Dita em português, com forte sotaque estrangeiro, esta frase demarca a abertura do espetáculo. Assim, portanto, entra em cena a apresentação após breve  introdução, diga-se destruição, do cenário.

É um acidente contínuo, o que melhor descreve a encenação e sua permanente imprevisibilidade, na produção artística do inusitado. Um circo contemporâneo. Catástrofe, desastre, acidente feitos, todos, circo.

 Intérpretes, artistas, acrobatas com ares de clown, encenam a vida no picadeiro e levam as ruas para o circo, porque no primeiro, tudo se equilibra  e ali, no palco, como nas ruas, tudo desaba.   A intenção era uma montagem desbravando o oposto do equilíbrio do circo. Toda queda, quebra e choque é  milimétrica e cronologicamente arquitetada, no entanto.

Em gavetas, armários, mesas e embaixo delas esconde-se, aparece-se, dança-se, mexe-se, dobra-se e faz-se rir.  Sob o signo do caos, correspondendo a uma ordem desconhecida. Do imediato, talvez.  É uma desmontagem, destruição em andamento, um trabalho de (des)construção cenográfica com forte sincronicidade.  Como  aquelas obras que carrega uma plaquinha demarcando um processo, ‘em construção’,  aqui, se lê: ‘em destruição’.

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