Uma publicação recente, deveras
interessante, da Márcia Tiburi, na Revista Cult, me instigou a trazê-la às
divagações da ‘Louca da Casa’. Em suma, ela aponta o ato de sentar como forte
fator cultural de nossos tempos. Causa e
consequência dinâmica de várias nuances desta supermodernidade que vivemos. E a revolução digital, entre outros fatores,
ela sugere, foi forte aceleradora neste nosso processo de sedentarismo (versus
o nomadismo histórico que nos impulsionou, a princípio) nos caracterizando e nomeando
de acordo esta nova face de nossa
cultura: ‘homo sedens’.
Nossa era e nossos hábitos constituem um incentivo do ‘pensamento sentado’ em um decréscimo da mobilidade do corpo versus o trabalho dos olhos, em um processo de hiperatividade visual, em que não se consegue assimilar ou processar nada. Vivemos por um lado, o elogio da disciplina, e, por outro, um cenário de superabundância de informação que “de tanta árvore já não se consegue mais ver o bosque”.
O Sedentarismo caracteriza, assim,
nosso tempo presente. Sentamo-nos diante de máquinas e telas, sobretudo. Não
diante de telas de pinturas, em um ato contemplativo. Não. Telas de computador,
laptops, PCs, celulares, smartphones, seja qual for a nomenclatura desse mundo
de aparatos tecnológicos que nos muniram
de uma ‘self mídia full time’. Sentados,
cedemos lugar à mobilidade incorporal dá
máquina e esperamos que ela nos carregue mundo afora.
Estamos em todos os lugares do
planeta e em lugar nenhum, todo o tempo. Uma extensão clara do ‘não-lugar’ de
Marc Augé. Os espaços públicos de grande circulação, lugares de passagem, neste
caso, tornam-se virtuais: um espaço de comunicação onde ‘não estou lá’. Espaços
de circulação das ideias ou das ‘ausências’, que se tornam, dia após dia,
marcos de nossa presença.
Para quem quiser continuar o
exercício sentado, segue o texto
original: