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domingo, 9 de março de 2014

tudo é jazz


Aqui , conjuga-se tambores e metais  através da união do universo percussivo baiano  com tradicionais e fortes sopros;  música de origem afro e jazz.  ‘Orkestrados’, os músicos baianos da Rumpilezz  prometem mostrar as relações de suas "raízes musicais ancestrais".

Neste show aprendi que o nome do grupo é um termo original grego; "Rumpilezz" é inspirado no trio de atabaques presentes no candomblé (rum, rumpi e le), sendo que os dois Z finais são, junto à sonoridade produzida e ao improviso ali presente, uma dica do fio condutor, o jazz.

O que já era, de início, um projeto maiúsculo; o grupo baiano Orkestra Rumpilezz, comandado por Letieres Leite combinado à sonoridade das big bands jazzistas, ganha mais corpo e significado, agregando as misturas tropicalistas de Gil. E assim, cresceu ainda mais a nossos olhos e ouvidos, pela dimensão da conexão que ali se estabeleceu.

Letieres nos conta, show adentro, que a ‘Orkestra’ prima pela visita a compositores que carreguem alguma ligação com o universo afrobrasileiro em sua obra. E assim justifica e potencializa o significado daquele encontro.

E Gil surpreendeu, em seu repertório e nos arranjos de tom afrobaiano. Empolgado, nos conduzia em meio a seus  vocalise, melodias vocais sem palavras, tradicionalmente presentes em suas apresentações, aqui em tom afro e em suas danças.

Era visível em Letieres, um êxtase em conduzir e fazer parte daquela combinação criativa e complexa. Orquestrando e tocando, a um só tempo, ele nos leva consigo. Uma sua coreografia coordenava as trocas entre metais e a tambores,  visitando compositores que em sua obra contemplem a conexão com o universo da música afrobrasileira.  Muito saboroso observar o trabalho do maestro sobre substrato tão rico; forte e jazzy. Pura e enérgica expressão da cultura nacional, da mistura que ela representa.

Ele nos conta, a certa altura, que Gilberto Gil sempre foi uma primeira escolha neste sentido, não só pelo fato de sua obra reverenciar diversos toques do universo da música ancestral afrobaiana, mas também pela forma apurada e meticulosa que ele se utiliza de harmonias e construções melódicas complexas. E, assim, seguia comandando uma resposta dos tambores ao vocalise de tom afro do tropicalista. A reverência recíproca é visível.

Gil, em seu tom tropicalista fecha com “O melhor lugar do mundo é aqui, e agora…”. E nós fazemos coro.

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