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domingo, 16 de novembro de 2014

a benção, bossa


‘Benção Bossa Nova’ foi um dos primeiros CDs da casa de meus pais, á época da transição do vinil para aquela nova tecnologia.

Ouvi muito, não porque gostasse ou tivesse referências, mas porque era adolescente e queria parecer cool, afinada com as modernidades.

Em show comemorativo de vinte e cinco anos do lançamento do álbum ‘Benção Bossa Nova’, o SESC reuniu novamente seus protagonistas, a cantora Leira Pinheiro e o violinista Roberto Menescal.

A apresentação comemorativa, quase toda dedicada ao repertório do álbum aniversariante trouxe também, aqui e ali, duas ou três canções de João Gilberto. Quando ‘O Pato’  chegou  ao palco, viajei muitos anos. As canções eram, quase todas, velhas conhecidas e bailaram por minha memória docemente.

Ao ouvir e identificar a música que mais gostava e apertava repeat (outra novidade de então), chorei de reconhecimento, por me ver lá atrás, sentada ao chão, de frente ao ‘aparelho’, quase uma instituição.

E foi uma noite quase catártica porque ‘Benção Bossa Nova’ e ‘João Gilberto Live in Montreaux’ estrearam em um meu ‘amadurecimento musical’ por vias indiretas. Ouvia muito por razões outras, mas que me levaram a gostar mais e mais.

Estavam ali na Rua Elias Pinto Coelho, em Nova Era, não porque fossem escolhas de meus pais.  Minha mãe era ‘e Chico’. Roberto e Chico, Elis e Chico, Bethânia e Chico, Francis Hime e Chico, Nara e Chico. E meu pai, bem, meu pai... O território dele dentro de casa não fazia fronteira com o canto do som, digamos.

Aqueles CDs  foram presentes de ‘som novo’.  E que presentes!

E aquele show de aniversário foi um bálsamo para minha memória. Cantei todas, lá dentro do peito. A benção, bossa!

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