Uma voz que, serena e docemente, provocou fundo a memória
afetiva.
Quando eu era criança, beirando a adolescência e querendo
parecer crescidinha, metida a amadurecida para a idade, me botei a escutar
discos ‘de adulto’. Ao invés de ouvir ‘A Arca de Noé’, Balão Mágico’, e ‘Saltimbancos’,
da minha prateleira sonora, que normalmente trilhavam meus dias açucarados,
passei a querer música de gente grande.
E para viver a adulta que eu achava que crescia em mim,
colocava, envaidecida, os discos, LPs, de minha mãe na vitrola.
E uma lembrança forte é que entre muitos Chico Buarque,
alguns Vinícius, Gal, Elis, havia um tal Francis Hime que eu não sabia quem
era, nunca tinha ouvido falar. Mas achava chique e maduro ouvir uma música que
ninguém de minha turma sabia coisa
alguma. Nem eu (em segredo).
E ele estava lá, junto dos Chico Buarque. Só agora, velha de
‘Guerra’ (eu sou é eu mesma) e de show aprendi que eram parceiros contumazes,
na vida e na arte. Até na prateleira de minha mãe.
O show, em sua sofisticação instrumental, me trouxe um tempo
de volta e apesar de já ter andado discorrendo sobre a riqueza deste show,
particularmente, senti vontade de trazer aqui nuances da forte memória afetiva
que despertou em mim.
Era ele no piano, um cello, um baixo, uma harpa, uma bateria
e três sopros. Em trechos solo ou em
perfeita harmonia soavam como carinho aos ouvidos. Primoroso. Um caminho
musical fundado na suavidade, às vezes, com algumas curvas inusitadas , mas
perfeitamente integradas à melodia.
A participação de Olivia Hime trouxe emoção e belas
contextualizações às histórias musicais da família. Ou histórias da família
musical.
Este show, como o primeiro a que vi, era apresentação de seu
novo álbum, o ‘Navega, Ilumina’, mas o repertório foi espichado e ele
acrescentou canções de parceiros e companheiros de uma ‘idade de ouro’ da
música brasileira. Vinícius, Tom, Chico, entre outros.
E navegando por estes mares, uma vez mais, nos iluminou a
todos.
Doce Poli
ResponderExcluirEu também queria ser gente grande antes do tempo, rsss. Com 8 irmãos mais velhos com ótimo gosto musical, o Sr. Francis também apareceu precocemente na minha vida, ainda bem :)
Beijos
Cris Novaes