Tomando café dia desses, em um meu delicioso e enriquecido
ritual, viajei na dimensão profunda que podemos semear e cultivar, de afeto e
gentileza em nossos dias. De frente para a mesa, cuidadosamente posta e
adornada no detalhe, tive ali, diante de meus olhos, alguns pedaços reflexos do
maior bem que cultivo em minha vida. Pessoas. Ao redor ou por vir.
Compondo o quadro perfeito do ritual do café, já que hoje
era o dia definido para experimentar a iguaria exótica do Café de Jacu, peças e
pedaços de afeto, caros ao meu coração e gratuitos na oferta e intenção.
Curtindo um mise en place, e montando, portanto, com
capricho, a mesa, rica nos detalhes, vi que trazia ali comigo, me acompanhando
naquele momento, amigos que, através de gentileza gratuita, se fizeram
presentes em um meu momento particular, absolutamente personalizado. Meu quebra
cabeças identitário tem raiz forte aqui, porque eu sou mais eu mesma na mesa de
café, que em qualquer outro canto.
Compondo a base (literalmente) de minha armação ritual, se
fazendo de suporte para pães, biscoitos, torradas e queijo, uma tábua de pão,
presente de amigo do coração!
Como a minha paixão por café e a composição de cenários para
desfrute deste prazer são nuances públicas (literalmente, porque frequentemente
divulgadas via fotos em redes sociais e em textos por aqui, desta mesma louca
que agora vos fala) de minha personalidade, amigos têm tratado de compor meu
ritual com peças absolutamente alinhadas a este prazer cotidiano.
Logo atrás do suporte para pães, embaixo de um filtro de
tecido para cafés, uma xícara-presente de doce casal de amigos. Peça a que meu
filho já deu meu nome. Todos os dias, olha para a xícara e imediatamente
dispara, ‘café mamãe’. Já sou eu.
Por fim, a legenda do Jacu. É uma outra peça do afeto e
carinho que me compõe os dias e as relações, desde sempre. Minha mãe, que
esteve recentemente no Peru, foi lá apresentada a esta iguaria e a sua
história. Kopi Luwak, considerado como o mais gostoso e mais caro café do mundo,
tem um processo de ‘cultivo’ bem peculiar, para usar de um eufemismo. Os grãos
passam por um processo muito especial de preparação, que fornece aroma e sabor
únicos à bebida: antes de serem torrados, eles são ingeridos e — acreditem se
quiserem — processados pelo estômago e intestino de pequenos mamíferos
conhecidos como civetas (quatis) ou jacus, a depender da geografia dos bichos
em processo digestivo. Os grãos usados para preparar o café mais caro do mundo
são, necessariamente, expelidos nas fezes do bicho antes de irem para as
prateleiras.
Europa e Ásia afora, custa cerca de US$ 500,00 o kilo. Isto
mesmo, quinhentos dólares! Em terras de sudamérica, custou 700 soles (o equivalente
em reais).
Para fechar este ritual com um saboroso brinde à amizade,
monto o quebra cabeças das peças que compõe esta imagem, por trás do que é
visível. Muito além do café e todos os acessórios ganhos estão o
compartilhamento de uma identidade entre amigos próximos. Dos presentes ganhos,
ficam três mensagens: eu conheço você, sei o que te faz bem e quero te fazer
bem também!
Um dos ensinamentos de minha mãe que guardo comigo
cotidianamente, para a vida, é que dar presente é, de alguma forma, uma forma
de nos fazer presentes na vida de quem amamos ou queremos bem, simplesmente.
Pois, a intenção de me fazer bem é visivelmente declarada, potencializada,
nestes casos, com um sabor cafeinado inigualável! Fica em mim a gratidão
sincera pelo sentimento e a alegria das amizades bem regadas vida afora. Este
café tem aroma de sentimento.
Meu brinde ‘cafeinado’, derramando afeto e minha absoluta consciência
que meu presente mais forte são as pessoas por trás destas gentilezas!
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