Descobertas musicais frequentemente recheiam meus dias de um
prazer algo profano. Porque acontece sempre em algum momento escape de
obrigações cotidianas. E não consigo me furtar a uma entrega quase erótica.
Erótica, no sentido sensual porque a música carrega para mim, esta
característica gostosa.
Hoje, me entreguei algumas vezes, não sem alguma culpa
diante de meus deveres, ao lançamento de Zélia Duncan. Inusitado. Quer dizer,
inusitados, a entrega e o album. Um porque até tenho um outro álbum dela, em homenagem a Itamar Assumpção,
mas zero hábito de ouvir. Dois porque o álbum nasceu de um projeto de shows com
este nome e significado, portanto, INUSITADO.
E, para ela, assim soou o convite a participar deste
projeto: Inusitado. O convite era (e foi) cantar Milton sem harmonia, só voz e
Cello, Zélia Duncan e Jaques Morelenbaum. Já deu pra sacar que o que o projeto
tinha de inusitado e ousado, tinha também de substancioso e promissor, né?
Zélia e Morelenbaum cantando Milton. Nunca fui de ouvir a
Zélia porque nunca houve nada que me fisgasse, mas nunca tive nenhuma palavra
contra também. Agora tenho várias a favor. Inusitado, sofisticado, ousado,
qualidade. Na entrevista em que fala do
lançamento do álbum, ela diz que Milton está entre aqueles que a fizeram querer
cantar, que ele estava no lugar das coisas encantadas.
Aqui, me identifiquei
absolutamente. Primeiro pelo lirismo sofisticado de suas canções, algo sublime,
perto do sagrado, para mim, pelo menos. Segundo pela memória afetiva deste nome
mineiro que guardo comigo. Quando, adolescente, comecei a querer ouvir coisas
classificadas como ‘de qualidade’, inaugurei minha seleção de escolhas
inquestionáveis com ele! Até pela unanimidade.
O inusitado, que era cantar
Milton sem harmonia, foi, na verdade, um truque! Segundo Zélia Duncan, chamar o
Jaques para ser parte do projeto é como se estivesse chamando uma orquestra.
Com ele, ouve-se o arranjo inteiro no cello, somente!
De caráter “inusitado”, o disco
reúne 14 clássicos do repertório do Milton, ‘arranjados’ com intensidade e
serenidade, comuns em todo repertório do autor. O minimalismo do encontro e suas
peculiaridades dão frescor ao projeto! Saboroso!
Que delícia para os nossos ouvidos bjs
ResponderExcluirIntenso e suave, tudo ao mesmo tempo, agora! Muito bom! outros beijos parati, Ivonete!!
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