Retrato de uma amizade. Tão inusitada quanto comovente. De um lado, o embrutecido Germain, do outro, Margueritte, uma frágil senhora de seus noventa e tal.
Depois de se conhecerem no parque, e após alguns encontros, ela começa a ler para ele que, por falta de apoio e de qualquer estrutura na infância, nunca construiu tal hábito e traz consigo, em virtude disto, dificuldades de compreensão.
A maneira como estas leituras afetam suas atitudes , como ele incorpora estes aprendizados e a graça com que ele aplica estes novos conhecimentos em seus dias é o que move o filme. A simplicidade com que ele digere toda sorte de novos conhecimentos.
Sim, simplicidade é o melhor adjetivo para suas atitudes e conclusões. Nas leituras com Margueritte, ele não consegue compreender qualquer metáfora, por exemplo. Linguagem figurada é um luxo muito distante. Mas a essência, sim. Ele ignora todo e qualquer 'enfeite' da língua, mas o sentido, este, ele pega rapidinho...
Mas Margueritte vai ficar cega. E ante à eminência desta dificuldade, ele começa a ler para ela, superando obstáculos seus.
E, ao dar óculos para um míope, Margueritte também o aproxima de dores suas. Dores da alma, até então desconhecidas, para ele. A realidade começa a lhe acrescentar questionamentos e outros tipos de dores... A relação com Margueritte cria nele sentimentos que sua história familiar, história de vida ou sua infância não lhe trouxeram.
Doce, como eu imaginava.
Quando vc fala de amizade, vejo esse sentimento com mais intensidade ainda ( e olha que curto minhas amizades de montão ). Quando vc fala de cinema, o filme tem outra dimensão. Quando vc fala de um show, vira poesia.
ResponderExcluirA gente cresce com seus comentários.
Márcia Araújo