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segunda-feira, 31 de outubro de 2011

latinidade

Vendo o delicioso show Pepe Cisneros y Cuba 07 na semana passada, me ocorreu que não existe sinônimo mais adequado à musicalidade latina que a música cubana. Cuba é, simplesmente, o que melhor traduz o que conhecemos como latinidade. Identidade. Cuba é a expressão latina por excelência when it comes to music. Cores fortes, ritmo caliente!

domingo, 30 de outubro de 2011

frango com ameixas

Não, isto não é uma receita.


Mas é o não menos saboroso novo filme da Marjane Satrapi. A autora e também diretora, no cinema, da graphic novel Persépolis.


Uma inconfundível atmosfera de cartoon permanece no, agora, filme.


Na trama, Nasser Ali, um reconhecido músico tocador de Tar, instrumento típico da cultura persa, como um violino, desiste da vida depois que sua esposa, em um ataque de raiva, quebra seu instrumento. A partir daí, a vida lhe parece intolerável e ele decide e planeja dar cabo à vida, em uma morte, digamos, bem paulatina, até que Azrael, anjo da morte, venha a seu encontro.


Mas não, não é um filme triste, deprimente ou qualquer coisa que o valha. É de um humor peculiar; afiado mas leve e simples, que domina a trama. Saborosamente inocente. O filme é uma narrativa dos 8 dias que se seguem à sua decisão de morte.


Como diz Maria de Medeiros, atriz portuguesa na trama, "'Frango com ameixas' consegue algo muito curioso e original, que é contar uma história, uma tragédia, em que você ri do princípio ao fim." De um humor leve e saboroso.

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

redes sociais e ... a linha amarela

A bola da vez...

Há dias, em meu trajeto diário ao trabalho, venho notando como o, um dia advento, hoje consolidação e 'onipresença' das redes sociais deram voz e uma clara e real possibilidade de visibilidade a todos. Se alguém os vê ou os ouve de fato, aí já entram outras questões (várias).

Mas o cidadão comum ganhou, sim, a possibilidade de se manifestar ou se posicionar diante do mundo a respeito de tudo e qualquer coisa... ou de coisa nenhuma. Microphone in hands...

A linha amarela do metrô SP pode ser classificada como um aparato modernoso do transporte público, ici, dans São Paulo. Conforto, design arrojado e facilidades mil. Mas os cidadãos que precisam dela no dia a dia, como yo, bem sabem que o buraco é beeeeeeem mais embaixo. Que um problema básico, estrutural, transforma as pretensas facilidades em dificuldades e desconforto. A questão que se coloca, por hora, e que todos sentimos, e muito, é o dimensionamento do fluxo ali em questão. Porque a linha amarela não comporta sua demanda. Minimamente! Todos os dias, tudo, muito. Às vezes (muitas) pára, simplesmente. O tal fluxo.

Seguimos todos, em formação coletiva, caminhando na direção definida. E os dois sentidos ficam entupidos. Porque ali não importa tua direção, você vai parar. Melhor, ser parado. Por todos os muitos excessos de um fluxo que não flui. E as falhas no sistema são o padrão da operação. Em função de uma alegada sobrecarga elétrica, anunciada paredes afora, por vezes (muitas) esteiras não funcionam, escadas rolantes tampouco, diminuindo e atolando , ainda mais, um ritmo que, por si, não dá vazão a seu movimento. E esta sobrecarga nos descompassa a todos. Por várias vezes, auto-falantes: 'senhores passageiros, este trem não prestará mais serviços. Pedimos que todos desembarquem na próxima estação e aguardem o próximo trem.'

E pues, o tempo todo, em todos os caminhos, todas as falhas operacionais do sistema, as pessoas ficam de celulares erguidos, tirando fotos ou filmando. Em outros momentos as filas atravancam ainda um pouco mais porque as pessoas, várias, seguem caminhando algo mais lentamente por estarem postando ou escrevendo algo no twitter, facebook, ou whatever. Vão as fotos, as informações, opiniões indignadas e adjacências.

Opiniões estas que por vezes se inflamam, verbalmente. Algumas vezes (poucas), vemos além dos celulares erguidos , sujeitos travestidos em cidadãos, indignados, brigando, não se segurando. Mas as 'mídias' sociais ganham este páreo. Porque as pessoas se contêm e não se permitem muita indignação, assim, ao vivo. Elas se contêm, calam e engolem seco.

Mas logo ali, nas 'mídias' sociais elas se dão ao direito de uma pretensa cidadania à flor da pele, ficando muito brabas, indignadas com o desrespeito, putas. Twitter, FaceBook e afins deram a todos um canal público e paradoxal e relativamente anônimo para que elas despejem tudo e qualquer coisa. Anônimo enquanto lhes resguarda do tête à tête, lhes enchendo de coragem para esta indignação ampliada.

Mas este é só UM exemplo, a dita bola da vez. Porque as 'mídias' sociais estão plantando em todos uma forte cultura de vida pública. Psicólogos, fiquem a postos que aí vem terreno para vocês. Quem sabe uma rede social de análise?!?!

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

me arrebentando de existir

A passos lentos, com o vagar que pedem reflexões assim e reconhecimentos assados, vou sendo tomada por uma intensa, significativa e saborosa consciência de tudo o que vivi.

E à medida que esta consciência vai marcando seu terreno, cresce em mim a percepção do privilégio que vivo, em cada detalhe, cada vírgula. Na possibilidade de desconstruir e desarmar toda e cada sequela. No vislumbre da real possibilidade de zerá-las todas. No simples fato de encarar TUDO TANTO e voltar. No fato de não me lembrar de nenhuma das muitas dores, tristezas, lágrimas e etceteras difíceis, ruins. No fato de, por ser tão virginiana no 'modus vivendi', construir tantos objetivos sempre e viver, hoje, de pequenas e intermináveis vitórias, ao dia.

"Hoje, o pouco é muito para mim". Aprendo sempre mais de mim, lendo você, Caio. Da Poliana de hoje, after all, também e principalmente. "O Simples é tudo que cabe nos meus dias".Todo pequeno prazer beira a catarse, toda alegria ganha tons de felicidade.

Às vezes estas sensações todas são tão absolutamente fortes que instantes beiram o infinito. Inexplicáveis, indescritíveis.

Aí vem caio e traduz novamente este tudo tanto que sinto: "E quem arrebenta de tanto existir, vive para esbanjar sorrisos e flashes de eternidade."

E meu peito pulsa ainda mais forte com a beleza de tuas palavras e o fato delas fazerem hoje uma legenda de meus tempos e movimentos. Absoluto torpor. Vida nas vísceras. Porque "eu carrego comigo uma caixa mágica onde eu guardo meus tesouros mais bonitos. Tudo aquilo que eu aprendi com a vida, tudo que ganhei com o tempo e que vento nenhum leva..."

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

estrela da vida inteira

Canção do Vento e de Minha Vida
Manuel Bandeira

O vento varria as folhas,
o vento varria os frutos,
o vento varria as flores...
E a minha vida ficava
cada vez mais cheia
de frutos, de flores, de folhas.

O vento varria as luzes,
o vento varria as músicas,
o vento varria os aromas...
E a minha vida ficava
cada vez mais cheia
de aromas, de estrelas, de cânticos.

O vento varria os sonhos
e varria as amizades...
o vento varria as mulheres.
E a minha vida ficava
cada vez mais cheia
de afetos e de mulheres.

O vento varria os meses
e varria os teus sorrisos...
o vento varria tudo!
E a minha vida ficava
cada vez mais cheia
de tudo.

Porque é assim que me 'arrebento de tanto existir'. Me colocando a favor deste vento que varre as luzes, as músicas, os aromas, os sonhos, as amizades, as estrelas... E minha vida vai sim, ficando também cada vez mais cheia de tudo tanto...

É uma pluralidade de significados e uma ânsia por (re)experimentar cada pedaço de meu caminho, cada vírgula do cotidiano, aprendendo, ao dia.

Todo pedacinho de memória traz consigo um amplo e saboroso hipertexto cognitivo. E sigo me redescobrindo e me reconstruindo, ao sabor deste vento que tudo carrega e tudo me traz...

... e já não estou cabendo aqui, dentro de mim...

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

me entorpecendo em poesia...

Estávamos, ontem à noite, em um papo de 'buteco', eu, Cida Moreira, Quintana e Drummond.

Entre uma cervejinha e outra Quintana, delicadamente, me colocou sua posição, digamos, ‘passarinhesca’.


"Todos que aí estão, atravancando meu caminho, eles passarão, eu passarinho!". Que eu, inclusive, concordei inteira, porque eu, mais que nunca, passarinho...


Na seqüência, veio Cida Moreira e me iluminou o pensamento com uma canção que fala a língua de minha identidade aujourd’hui: "A vida que vive dentro de mim se sente feliz por eu ser assim..." E com esta felicidade quase gratuita, sigo crescendo aqui dentro...


Logo em seguida, eu tive uma idéia que compartilhei com meus parceiros literários: acréscimo de uma conexão 'explicativa', digamos assim. PORQUE. E, assim, estabelecer um elo entre um fato e sua possível razão de ser...


ASSIM:


Todos que aí estão, atravancando meu caminho, eles passarão, eu passarinho, PORQUE a vida que vive dentro de mim se sente feliz por eu ser assim...


E porque? E aí foi a vez de Drummond que veio e me cochichou as (sem) razões de ser dessa minha bricolagem de versos: " Esta é minha explicação, meu verso melhor ou único, meu tudo enchendo meu nada."


Quintana, Cida e Drummond, esta prosa com vocês me encheu a noite (e a alma) de luz!