A um só tempo, a força e a delicadeza do homem. A fragilidade e a grandeza. O que nos une e nos separa. A exposição ‘Alma Revelada’, do fotógrafo Steve McCurry, em cartaz no Instituto Tomie Ohtake nos mostra, em cores muitas, nossas diferenças todas e, ao retratar atitudes e histórias, nos revela iguais.
Expressividade nos vincos da pele e em traços étnicos intensos em retratos ao redor do mundo, espalhados principalmente pelo mundo oriental, festivais religiosos e paisagens de guerra. Afeganistão, Paquistão, Kwait, Índia, Nigéria, Camboja e outros tantos. Olhares tão expressivos que estabelecem uma comunicação. Da emoção e da compreensão.
E por vezes sorrisos brotam em meio a estes retratos. Desconcertantes porque absolutamente naturais e espontâneos em meio ao absoluto flagelo, em meio à dor e à falta de compreensão. Desarmados, inocentes… humanos, once again!
Esta exposição, tão bela e densa, tão diversa, me pareceu um tratado sobre a alteridade. Ou da outridade, termo que acabo de aprender e que é o que melhor traduz tudo que vi e senti… O protagonista notório é o outro, o ser humano. A diversidade. As distintas culturas, cores, histórias, tradições... Nos traz o outro na plenitude da sua dignidade, a sua diferença...
Pessoas muito diferentes em meio a uma ampla paisagem, que nos iguala a todos, chamada condição humana. Nos mostra com nitidez o que nos une e nos separa. E a humanidade, este denominador comum, nos tira o fôlego.
Sua foto nos constrói uma ponte entre oriente e ocidente, nos permite um olhar para histórias de vida com os significados todos enraizados em outra realidade. E nos vemos mergulhados na busca e descoberta da narrativa que os indivíduos construíram para e sobre sua história. Como se a explicação última da VIDA (maiúscula) se escondesse nesses fragmentos de histórias pessoais. E é a partir daí, então, do reconhecimento da diferença, que “começamos a nos surpreender com aquilo que diz repeito a nós mesmos a nos espiar.” Ao final, nos flagramos em um olhar para dentro.
Steve McCurry diz buscar o momento que a alma essencial se revela. E consegue. Expressividade… Em cada cultura, cada rosto. Cada vida.
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