Dia desses, estando na Pinacoteca por um dos ‘pedaços’ da expo de Olafur Eliasson, resolvi estender minha visita à também Pinacoteca, mas àquela do Estado, especificamente à exposição da Jac Leirner, de quem havia lido algo poucos dias antes. Algo que me atiçou a vontade de conhecer seu trabalho. Jac Leirner, que já foi baixista da banda punk U.K.C.T. e é artista multimídia. O que li e que me interessou ‘deverasmente’ é que ela é uma artista que, para executar suas obras, realiza uma coleta de objetos comuns, freqüentemente ligados ao universo do consumo e os desloca para o universo artístico, retirando-os do fluxo previsto e atribuindo-lhes, portanto, outros significados. São, então, novas possibilidades oferecidas, havendo sempre algo aquém ou além do que se espera em tais contextos, armando novos conceitos, paradigmas, referências.
Ela aproxima a arte do corriqueiro, em um olhar que junta o singular e o comum da vida. São notas de dinheiro, maços de cigarro vazios, sacolas plásticas, adesivos, objetos que circulam nas esferas mais óbvias do cotidiano, trazidos para o campo da arte. É a criação de algo a partir do já existente, afastando-nos de seus usos óbvios. Isto nos abre o olhar, a percepção e nos traz uma dupla possibilidade de entendimento de cada trabalho.
A questão principal que se coloca é resistir a qualquer enquadramento rígido. Objetos tirados de seu meio, e imersos em outros, nos carregam com significados outros e também outro paradigma de estética da arte.
A uma certa distância linhas, cores, manchas e formas nos falam da arte ali presente. Da arte ‘itself’, da arte, digamos, convencional (se é que isto existe, de fato). Aproximando-nos, inscrições, textos e marcas explicitam a origem e empregos anteriores do material. Tudo isto, em dimensões que se embaralham. E nisto ela nos pontua que o espaço simbólico da arte pode ser igual ao do espaço de fato vivido.
A certa altura, aquarelas abstratas contrastam com objetos do cotidiano carregados de signos. Nas aquarelas abstratas ele trabalha, também, a justaposição de cores, formas e manchas. São obras que exploram a variedade de formas e cores dos materiais. E aí enxergamos claramente a relação entre as telas abstratas e os objetos do cotidiano, descontextualizados, transformados em cores e formas.
Deslocando os objetos de seu uso recorrente, ela nos dota da capacidade de um novo e outro olhar... E assim, crescem as possibilidades artísticas, construindo-se um novo caminho para isto que chamamos de arte.
a louca da casa é a imaginação. são estes devaneios autônomos que nos tomam. todos os pedaços de pensamento que ganham vida própria e deixamos crescer indefinidamente. as possibilidades. os personagens. as opiniões inflamadas. os outros. a louca da casa é um livro da rosa montero que me despertou a vontade de escrever sobre tudo e sobre qualquer coisa. a louca da casa é o diabo na rua, no meio do redemoinho.
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