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segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

para os corações desesperados

Talvez um bom médico de cabeça diagnosticasse uma síndrome da repetição ou do eco ou o nome complicado de qualquer cientista alemão que tenha descoberto tal mal. O caso é que eu afundei o dedo na mesma tecla e não consigo parar. Me sinto o próprio Howard Hughes em 'O Aviador': "the way to the future, the way to the future, the way to the future, the way to the future." Até que o telespectador aperte fast foward (ou eject no caso dos mais radicais) porque já está ficando ele mesmo maluco, defronte à TV.

É que estes dias, faz na verdade uns meses, percebi que não consigo me concentrar minimamente para ler alguma coisa que não seja Caio Fernando Abreu ou Xico Sá. Tenho certeza que já perceberam todos os meus amigos (leitores de meu blog e de meus emails paratodos - os do campo para, os com copia e os com cópia oculta) que tenho os sintomas crônicos de um mal maior. Tenho certeza que já estavam todos, grandes amigos, conversando entre si para encontrar a melhor maneira de me dizer que vez por outra eu deveria mandar emails da Clarice Lispector, da Virgínia Wolf, do Camus, do Rosa, Saramago, Monteiro Lobato, Chico Buarque. Ou que no pior dos casos eu deveria me internar voluntariamente num spa literário, numa destas imersões, com dieta regulada. 10 páginas de Machado de Assis no café da manhã, 30 do Gabriel Garcia Marques no almoço, jantar com Italo Calvino. Ceia mais leve com Rubem Alves. Restrição às calorias excedentes do Caio, do Xico. - Ai Deus do Céu que pecado deixar de lado estas palavras todas, fortes e intensas. - "Mas é para o seu bem, dona moça, se aveche não!"

O problema é que qualquer linha que eu leia de qualquer um dos dois me deixam um feliz conformismo deste meu exclusivismo literário. Fica uma dorzinha no coração por tanta beleza negligenciada... mas belezas outras sublimam, ainda que temporariamente, tal dor... e acabam por adiar uma vez mais, e outra, a visita a outras veredas...

Então... let it be... Caio once more!!!

Para meus amigos que, como eu, sofrem intensamente qualquer dor de amor!!!!!

"Ah, fumarás demais, beberás em excesso, aborrecerás todos os amigos com tuas histórias desesperadas, noites e noites a fio permanecerás insone, a fantasia desenfreada e o sexo em brasa, dormirás dias adentro, faltarás ao trabalho, escreverás cartas que não serão nunca enviadas, consultarás búzios, números, cartas e astros, pensarás em fugas e suícidios em cada minuto de cada novo dia, chorarás desamparado atravessando madrugadas em tua cama vazia, não conseguirás sorrir nem caminhar alheio pelas ruas sem descobrires em algum jeito alheio o jeito exato dele, em algum cheiro o cheiro preciso dele (...) mas sabes, principalmente, com uma certa misericórdia doce por ti, por todos, que tudo passará um dia, quem sabe tão de repente quanto veio, ou lentamente, não importa. Só não saberás nunca que neste exato momento tens a beleza insuportável da coisa inteiramente viva." Morangos Mofados

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