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quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

morrer x escrever

Como agnóstica, tenho medo da morte. Não sei se para todos é assim, razão direta, como para mim. A falta de fé, ou melhor, de conhecimento, acerca de qualquer coisa além deste mundo que vivemos, me faz temer o fim. E é um medo, assim, tão material, que o sentimento que me vem primeiro quando penso na morte é claustrofobia. Tenho pânico de me imaginar dentro de um caixão, aquele cubículo, durante muito tempo. E se o ar acabar? E não há espaço para me mexer, nem um milímetro... vai me dar câimbra, porra!

Li, esta semana, uma reportagem com o Caco Barcelos na Rolling Stone do mês passado e me reconheci em muitas de suas crenças, seus medos. Principalmente em sua relação com a morte. Sua não aceitação da morte. "A vida acaba, no fundo, ficando meio sem sentido".

Concordo absolutamente, Caco. Nos dedicamos tanto, a vida toda, a aprender e a crescer e quando a maturidade se torna um bem, uma parte de nós, de nossas decisões, começamos a entrar em um processo de debilidade física, e mental, que nos impede de fazer bom uso do que o tempo e a idade nos presentearam. Ganhamos em maturidade e sabedoria mas perdemos em clareza e articulação. Do corpo e das idéias. Depois de nos preenchermos de conhecimentos, sabedoria e crescimento caímos no vazio da morte.

Também não me conformo. E tenho uma esperança lá no fundo de, algum dia, encontrarmos algum remédio para esta inevitabilidade da morte.

E a identidade seguiu por outras veredas. Se fez mais forte quando ele explica a força de seu vínculo com histórias, escrever histórias. Começando pela paixão e pelo uso contumaz de caderninhos e terminando no fato de perdê-los todos.

E entendi que esta compulsão por guardas histórias, escrevendo-nas todas, sempre, pode ser, sim, uma saída para este medo, inconformismo com a morte. Seria uma forma de se perpetuar.

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