Como agnóstica, tenho medo da morte. Não sei se para todos é assim, razão direta, como para mim. A falta de fé, ou melhor, de conhecimento, acerca de qualquer coisa além deste mundo que vivemos, me faz temer o fim. E é um medo, assim, tão material, que o sentimento que me vem primeiro quando penso na morte é claustrofobia. Tenho pânico de me imaginar dentro de um caixão, aquele cubículo, durante muito tempo. E se o ar acabar? E não há espaço para me mexer, nem um milímetro... vai me dar câimbra, porra!
Li, esta semana, uma reportagem com o Caco Barcelos na Rolling Stone do mês passado e me reconheci em muitas de suas crenças, seus medos. Principalmente em sua relação com a morte. Sua não aceitação da morte. "A vida acaba, no fundo, ficando meio sem sentido".
Concordo absolutamente, Caco. Nos dedicamos tanto, a vida toda, a aprender e a crescer e quando a maturidade se torna um bem, uma parte de nós, de nossas decisões, começamos a entrar em um processo de debilidade física, e mental, que nos impede de fazer bom uso do que o tempo e a idade nos presentearam. Ganhamos em maturidade e sabedoria mas perdemos em clareza e articulação. Do corpo e das idéias. Depois de nos preenchermos de conhecimentos, sabedoria e crescimento caímos no vazio da morte.
Também não me conformo. E tenho uma esperança lá no fundo de, algum dia, encontrarmos algum remédio para esta inevitabilidade da morte.
E a identidade seguiu por outras veredas. Se fez mais forte quando ele explica a força de seu vínculo com histórias, escrever histórias. Começando pela paixão e pelo uso contumaz de caderninhos e terminando no fato de perdê-los todos.
E entendi que esta compulsão por guardas histórias, escrevendo-nas todas, sempre, pode ser, sim, uma saída para este medo, inconformismo com a morte. Seria uma forma de se perpetuar.
a louca da casa é a imaginação. são estes devaneios autônomos que nos tomam. todos os pedaços de pensamento que ganham vida própria e deixamos crescer indefinidamente. as possibilidades. os personagens. as opiniões inflamadas. os outros. a louca da casa é um livro da rosa montero que me despertou a vontade de escrever sobre tudo e sobre qualquer coisa. a louca da casa é o diabo na rua, no meio do redemoinho.
Poliana, esse assunto de morte é mesmo bem louco.
ResponderExcluirNão levo muita fé na " inevitabilidade da morte". Acredito sim na imortalidade. Pra mim, John Lennon é imortal, da vinci é imortal e acho que até a Amy se tornou imortal. A imortalidade está naquilo que você fez e deixou. E é pensando nos "imortais" que parei de pensar na morte, pois ela só me levava a duas linhas de pensamento: a da fé na reencarnação e a ideia de viver tudo intensamente (pois não se sabe o dia de amanhã). Por isso que acho melhor pensar no agora, enquanto se está vivo, do que pensar na possibilidade de estar morto.
Lembrando Guimarães Rosa, nos devaneios da vida e da morte:
ResponderExcluir"Viver é muito perigoso... Porque aprender a viver é que é o viver mesmo... Travessia perigosa, mas é a da vida."
"A morte é para todos.Viver é bem pessoal."
"As pessoas não morrem, ficam encantadas"
Por tu do isso Renato Russo já recomendava sabiamente: "É preciso amar as pessoas como se não houvesse amanhã..."
ResponderExcluirMárcia araújo Guerra