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terça-feira, 20 de novembro de 2012

estranhos são os outros





Órfão e rejeitado por sua família adotiva, Sam é um ex-escoteiro da equipe do comandante Ward (Edward Norton). Suzy é apenas uma dentre os vários filhos pequenos de Walt (Bill Murray) e Laura Bishop (Frances McDormand), que,  por alguma razão, não consegue se enturmar com amigos ou mesmo com sua família destrambelhada.

Suzy e Sam sentem-se deslocados do mundo. Depois de se conhecerem em uma apresentação dominical da ‘Arca de Noé’ na igreja local, se apaixonam e resolvem deixar para trás a ilha em que vivem,  rumo a uma vida a dois no continente. Os adultos  ficam preocupados com as decisões da dupla e se esforçam para trazê-la de volta.

O microcosmo, universo regido por leis próprias, ferramenta  característica da filmografia de Wes Anderson, em Moonrise Kingdom, surge na forma de uma ilha na costa da Nova Inglaterra, New Penzance. Tanto Suzy quanto Sam são outsiders, crianças que não se encaixam na sintonia fabulosa que parece reger este universo criado por Anderson em seu mais novo trabalho.

Em meio à fuga, Suzy e Sam sentam-se em cima de uma rocha para ver a paisagem que os rodeia. Suzy, então, conta a Sam que não desgruda de seus binóculos em função dos poderes mágicos que ganha com eles. Através deles, ela consegue ver tudo de perto, se aproximando e se ‘inserindo’, de certa forma, em um mundo do qual sente que não faz parte.

No entanto, toda a esquisitice dos personagens parece estar em certa sintonia, o que nos faz perceber que os padrões de normalidade deles são aqueles e, portanto, outsiders somos nós. Nós, Suzy e Sam.  E por isso, os dois decidem fugir para a floresta juntos.

Através deles somos lembrados de como os  primeiros amores parecem, muitas vezes, o ingresso para um mundo fantástico.

Moonrise Kingdom resgata todo o  visual estilizado com que Anderson coloriu seus filmes anteriores. Identifica-se seus traços e suas cores característicos no cenário, no vestuário, nos  diálogos, nas direções e decisões, na trilha sonora.

Os personagens, todos, são, notadamente, filhos de seus maneirismos.  Maneirismos carregados de significados e leituras que denotam um (seu) universo milimetricamente orquestrado.

Para muitos, seu cinema chama mais atenção por detalhes estéticos e narrativos, que lhe dá identidade, mas seus filmes vão além disto.

Os personagens que se destacam são aqueles que, imperfeitamente humanos, não conseguem se adequar a uma sociedade. Ele, assim, joga luz sobre  socialmente desajustados. A trama é, como de hábito, um caso de desarranjo social e afetivo.

 Nos filmes de Anderson, o ambiente familiar é recorrente na abordagem destes temas. E é nos desvios que compõem estas diferenças, todas, que vislumbramos a beleza e a força da alteridade.

2 comentários:

  1. para não dizer "adoro", gosto pra c... do wes anderson.
    seus filmes com trilhas sonoras impecáveis, roteiros poéticos amarrados à histórias inteligentes, personagens excêntricos - para não dizer estranhos e enigmáticos. sua estética marcante e autoral, combinados à uma inteligência hilária e imprevisível, fazem do diretor um dos melhores da atualidade.
    como não lembrar de filmes como viagem à darjeeling,fantástico sr. raposo e rushmore. e o bill murray ? sensacional!!!
    hora de ir conferir moonrise kingdom no cinema e rever alguns dos seu filmes recheados de maravilhas, desajustes e um gosto fluente pelo riso. vc sabe onde, né !?!
    breno.

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  2. Me deu uma vontade de ver o filme .....
    Márcia Araújo

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