Música para se perder e se achar.
Sempre que vejo (ouço) apresentações de jazz, sinto que a música me provoca. O jazz não é, simplesmente, uma música para relaxar. Não.
Ele começa te provocando, estabelece um diálogo contigo, te envolve e te carrega, embalado naquele ritmo.
Uma música instigante que te mergulha, muitas vezes, em um estranhamento inicial, distintas que são as bases do ritmo, da ‘linguagem’ que teu corpo e tua mente não reconhecem imediatamente.
Apesar do frequente questionamento inicial, a música não te coloca em confronto direto e negativo. Fica sempre uma vontade de compreender e se fazer fluente naquela ‘língua’.
E assim, a partir do entendimento e uma posterior provável (e consequente) entrega, a música cresce dentro de você, te toma, te revira em eventuais conceitos ou padrões e te leva.
É tempo de sedução.
Tudo isto para descrever impressões e sensações, pessoais, importante destacar, de um sofisticado show que o SESC Belenzinho recebeu dia desses. Dave Holland, herdeiro da mais alta linhagem do jazz, e seu ‘ensemble’, trazendo seu som criativo e inovador, nos envolveu e fez pulsar, ritmadamente.
Um vibrafone, um trombone e um sax, com o contrabaixo de Dave, em ricos diálogos ou, por vezes, em monólogos, traziam a percepção de uma música rica, no detalhe.
O vibrafonista estudando as teclas de seu instrumento, acompanhado por um intenso solo de baixo, avaliando um ‘seu’ melhor momento de entrada, dramatizava uma jam session. Delícia de perceber e acompanhar, com os olhos e com os ouvidos, sua percepção da música para integrá-la!
O baixista Dave Holland se notabilizou por ser presença constante entre grandes expoentes do jazz como Stan Getz, Thelonius Monk, Herbie Hanckok, Cassandra Wilson e até Miles Davis.
Tendo circulado por tão amplo e rico espectro musical, Holland tem, nos últimos anos, comandado diversos projetos, alimentando o espírito colaborativo entre os músicos que traz consigo em formações diversas como um octeto e uma big band.
“Eu me considero um sortudo por poder realizar projetos como esse”, comenta ele. E nós, Holland, nos consideramos sortudos de ser público de seus experimentos musicais
Gostei das suas inquietações. Ora aceleradas, ora improvisadas, ora ritmadas. Tudo que se refere ao jazz me provoca.
ResponderExcluirBreno.