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domingo, 30 de dezembro de 2012

politicamente engraçado



Anna é uma menina de nove anos, mimada pelo conforto da classe média parisiense que tem que se adaptar à nova realidade "igualitária" que pais instituem, ao ingressar no comunismo.

Após uma viagem ao Chile de Allende, o pai advogado e a mãe escritora decidem se engajar na luta ‘comum’ contra os fascistas do mundo. Assim, com o pai atuando como intermediário do movimento para eleger Allende presidente do Chile, eles saem de uma casa enorme, confortável e luxuosa para outra bem apertada. Dispensam a babá cubana, avessa à revolução de Fidel e resolvem contratar, como ajudantes nas tarefas domésticas, refugiadas de países como Grécia e Vietnã, militantes que buscam abrigo na França.

Assim, Anna logo conclui que ‘a culpa é de Fidel’ e, juntamente  a  François seu irmão, segue tentando se adaptar às novas condições que a adesão dos pais ao Comunismo trazem para a vida deles. Se revoltando, brincando… e aprendendo.

A Culpa é do Fidel, dirigido por Julie Gavras é, sobretudo, um filme bem-humorado, com tiradas inteligentes e engraçadas.  A certa altura, François propõe que eles brinquem de Franco contra Allende, mas ele quer ser Allende porque é o mocinho (dos comunistas!).  Ou quando Ana tenta brincar de lojinha com os amigos ‘vermelhos barbudos’ dos pais, aplicando altos lucros, ironicamente contrária à ideologia ali dominante. Os temas comunistas passam a compor seu repertório ‘lúdico infantil’.

Comédia política de humor refinado, o filme guarda forte mérito na neutralidade. Com um pano de fundo no qual figuram Franco, De Gaulle e Salvador Allende, apenas expondo diferentes ângulos e pontos negativos ou positivos entre o comunismo e o capitalismo, o filme deixa qualquer opção ‘partidária’ de fora, a cargo do expectador. Como fica evidente em um (entre vários) questionamentos de Anna perguntando ao pai de sua certeza na adesão ao Comunismo diante de dúvidas anteriores: “Como você pode ter certeza de que não está enganado agora?”

Os pais se desdobram para lhe mostrar a importância do momento histórico. Com isto e com a convivência com aqueles temas e aquelas pessoas ela amplia sua visão de mundo e começa a se alimentar de um senso de contestação.

Um trabalho leve, emocionante e inteligente.

3 comentários:

  1. ótimo filme, ótimo texto.

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  2. Seu comentário faz crescer o interesse de ver o filme. Márcia Araujo Guerra

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  3. Esse filme é ótimo. É um prazer ler um texto tão bem elaborado ,como sempre. Se não foi ainda, assista ao filme Infancia Clandestina.Mariângela

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