Representativo de várias identidades desta miscigenação cultural chamada Brasil, em muitas de suas facetas regionais, ele interpreta viagens festivas, populares e ainda líricas.
Com curadoria de Walter Carvalho, o Itaú Cultural apresenta a Ocupação Antônio Nóbrega, trazendo alguns dos vários pedaços deste artista múltiplo. Músico, compositor, multi-instrumentista, ator, escritor, dançarino, Antônio Nóbrega é síntese, como bem traduziu o cineasta. Entre fotos, gravuras, fantasias, chapéus, bonecos, instrumentos e outros adereços que nos transportam para seu universo multifacetado e lúdico, temos breve e original contextualização dessa mistura representada por ele.
Além de suas partes e peças todas ali expostas, a Ocupação nos traz, ao final, a uma praça onde são exibidos vídeos de alguns de seus espetáculos. É ali que podemos conhecer o resultado desta rica equação que o representa, da soma de todos os materiais de seu universo exposto. Junto a canções próprias, com forte embalo cancioneiro, figuram a dança e a forte linguagem corporal que ele traz consigo.
Ainda, seus vários instrumentos musicais, as fantasias de todos os cortes e cores e o mundo que representam, os personagens resultantes e seu caráter lúdico, denotam a força deste artista.
Todos os seus ícones, símbolos, referências têm forte e notória origem no popular e alguma miscigenação cultural. A mistura e o experimentalismo que denotam, transcendem sua arte para o contemporâneo.
É a riqueza de um universo ‘brincante’, termo nascido no Nordeste e adotado por ele, que se aplica a quem participa de uma infinidade de brincadeiras de cunho popular e folclórico. É nesta visão lúdica do fazer artístico que seguimos, exposição afora, nos construindo personagens da arte de Nóbrega; nos vestindo em suas fantasias e acessórios.
Ato de Metalinguagem: Observando isto que venho escrevendo, fica muito claro para mim que sigo, exclusivamente, adjetivando e virgulando! Porque o Antônio Nóbrega é um artista não comporta ponto. São vírgulas ou reticências insinuando o ‘mais’ por vir. E sempre vem...