O filme veio primeiro. ‘O Filho do Holocausto’, documentário
de Pedro Bial e Heitor D’Alincourt, sobre a efervescente carreira de Jorge
Mautner, deu uma boa mostra dos muitos significados que o acompanham, cercam e
definem.
O show veio depois e em razão do primeiro. Com participação especial de Gilberto Gil ,
Mautner apresenta e lança a trilha do filme, recheado de muitas de suas pérolas
musicais como ‘Sapo Cururu’.
E em show, ao vivo, ele confirma aquilo que se observa e
absorve do filme. Ele é a profusão de significados… e em convulsão.
Tão grande e tão forte quanto a parte musical (ou maior)
eram as contextualizações. Suas
explicações, porquês, razões de ser e história das canções. Eram ‘notas de pé
de página’, com corpo e conteúdo de página inteira.
Filosofia emborcada em teologia, misturadas, as duas, à
história, com ganchos na psicanálise e literatura, desaguando, todos, antropofagicamente,
em arte. Tudo isto se somando e recheando, ainda, superfícies quotidianas;
dando volume, coloração e intensidade a temas de nossos dias.
Entre todos os muito tópicos referenciados, cantados e
misturados destacou-se um seu manifesto e reiterado sincretismo.
Deus, Shiva e Tupã; Jesus de Nazaré, Allah e os Tambores do
Candomblé, todos juntos, eram conclamados e convidados àquele ‘Maracatu Atômico’.
A certa altura, ele interrompe uma de suas múltiplas e
densas contextualizações: “É tanta coisa pra falar.”
Sim, Mautner, a continuar assim, você não vai cantar.
Mas cantou. E encantou. E em ‘Maracatu Atômico’, com Gil e
todo o público, a uma só voz e em êxtase, o SESC Pompéia vibrou. E seu violino
dava um tom particular a todas aquelas canções, velhas conhecidas de um Brasil
que canta significados.
Ele, assim, seguiu, show afora, costurando referências com
inteligência e humor. Referências de todos os campos do conhecimento, tudo
junto e misturado, iluminando a gente por dentro à medida que conseguíamos
acompanhá-lo e fazer todas as conexões ali sugeridas.
Porque “Belezas são coisas acesas por dentro”.
Belo relato sobre a figura liquitificada e relativista de Mautner. Num país, onde os "intelectuais" celebraram a preguiça e o pastiche sob a farsa da estética antropofágica, "Mautner, o Anamauê" é o legitimo herdeiro de macunaíma e a figura mais representativa do tropicalismo. Ou não!
ResponderExcluir:)adorei! tua visão, tanto quanto o doc, que mostra bem isto: uma figura múltipla de significados ou 'liquidificada', dependendo do ponto de vista, do ângulo ou do filtro de quem olha!! continue pontuando com teu olhar, todo e cada post meu, bem filhos da mãe que têm: poliana (a mão que escreve e os posts dela derivados!)
ResponderExcluirOu não! Como diria Caê. Rs rs rs ...
ExcluirParabéns ! É um prazer ler esse seu relato inteligente e vibrante. Adorei o documentário: O Filho do Holocausto. Que inveja de você de ter assistido ao show.
ResponderExcluirViva Mautner, Poliana e Maracatú Atômico!
Bjs, Mariângela
Adorei vê-la por aqui! E que bom que você gostou! Volte sempre!!
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