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sábado, 6 de abril de 2013

tudo ao mesmo tempo agora



O filme veio primeiro. ‘O Filho do Holocausto’, documentário de Pedro Bial e Heitor D’Alincourt, sobre a efervescente carreira de Jorge Mautner, deu uma boa mostra dos muitos significados que o acompanham, cercam e definem.

O show veio depois e em razão do primeiro.  Com participação especial de Gilberto Gil , Mautner apresenta e lança a trilha do filme, recheado de muitas de suas pérolas musicais como ‘Sapo Cururu’.

E em show, ao vivo, ele confirma aquilo que se observa e absorve do filme. Ele é a profusão de significados… e em convulsão.

Tão grande e tão forte quanto a parte musical (ou maior) eram as contextualizações.  Suas explicações, porquês, razões de ser e história das canções. Eram ‘notas de pé de página’, com corpo e conteúdo de página inteira.

Filosofia emborcada em teologia, misturadas, as duas, à história, com ganchos na psicanálise e literatura, desaguando, todos, antropofagicamente, em arte. Tudo isto se somando e recheando, ainda, superfícies quotidianas; dando volume, coloração e intensidade a temas de nossos dias.

Entre todos os muito tópicos referenciados, cantados e misturados destacou-se um seu manifesto e reiterado sincretismo.

Deus, Shiva e Tupã; Jesus de Nazaré, Allah e os Tambores do Candomblé, todos juntos, eram conclamados e convidados àquele ‘Maracatu Atômico’.

A certa altura, ele interrompe uma de suas múltiplas e densas contextualizações: “É tanta coisa pra falar.”

Sim, Mautner, a continuar assim, você não vai cantar.

Mas cantou. E encantou. E em ‘Maracatu Atômico’, com Gil e todo o público, a uma só voz e em êxtase, o SESC Pompéia vibrou. E seu violino dava um tom particular a todas aquelas canções, velhas conhecidas de um Brasil que canta significados.

Ele, assim, seguiu, show afora, costurando referências com inteligência e humor. Referências de todos os campos do conhecimento, tudo junto e misturado, iluminando a gente por dentro à medida que conseguíamos acompanhá-lo e fazer todas as conexões ali sugeridas.

Porque “Belezas são coisas acesas por dentro”. 

5 comentários:

  1. Belo relato sobre a figura liquitificada e relativista de Mautner. Num país, onde os "intelectuais" celebraram a preguiça e o pastiche sob a farsa da estética antropofágica, "Mautner, o Anamauê" é o legitimo herdeiro de macunaíma e a figura mais representativa do tropicalismo. Ou não!

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  2. :)adorei! tua visão, tanto quanto o doc, que mostra bem isto: uma figura múltipla de significados ou 'liquidificada', dependendo do ponto de vista, do ângulo ou do filtro de quem olha!! continue pontuando com teu olhar, todo e cada post meu, bem filhos da mãe que têm: poliana (a mão que escreve e os posts dela derivados!)

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    1. Ou não! Como diria Caê. Rs rs rs ...

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  3. Parabéns ! É um prazer ler esse seu relato inteligente e vibrante. Adorei o documentário: O Filho do Holocausto. Que inveja de você de ter assistido ao show.
    Viva Mautner, Poliana e Maracatú Atômico!
    Bjs, Mariângela

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    1. Adorei vê-la por aqui! E que bom que você gostou! Volte sempre!!

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