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quinta-feira, 11 de abril de 2013

alguma coisa está fora da ordem



What we saw from the Cheap Seats? Bem, eu, pelo menos, não vi e não sei. Não dá para listar ou responder porque, apesar de termos comprado mesmo os cheap seats, Rodrigo, eu e o Daniel, nos sentamos em outros. Não, nos expensive, mas n’uns que podíamos ver Regina e seus músicos. Que parecem, aliás, não gozar de grande popularidade por aqui. O show não estava lotado.

Esta parece, inclusive, ter sido a razão de não ficarmos em nossos cheap seats, com declarada visão parcial. De termos sido deslocados para  seats melhores, in front of the stage. Os produtores, parece, não quiseram deixar Regina perceber que não é uma Madonna em terras tupiniquinss e que muitos dos ingressos mais caros não haviam sido vendidos. A frente do palco só trazia nosotros, os ‘recolocados’. O público estava, parece, quase todo concentrado nos cheap seats.

Mas ‘What we Saw from the Cheat  Seats’ é, na verdade, o nome do ultimo álbum da cantora, que me pareceu introspectivo comparado a toda a produção que o antecede. Introspectivo, delicado e saboroso.

Apresentando suas canções e trazendo ainda muitas outras; aquelas de mais força em sua carreira dos álbuns Soviet Kitsch, Far e Begin to Hope, Regina Spektor, cantora russa radicada nos EUA,  fez um seu segundo show em São Paulo que pareceu, por vezes, (mesmo para uma fã) descompassado e com uma energia estranha (uma agnóstica pura falando em energia…).

Algum incômodo começou a ‘dar o ar da graça’ com as ‘entrelinhas’ do show. Digo, com os intervalos entre músicas. Estes não estavam bem articulados ou não foram bem pensados. Se foi coisa do momento ou planejada, aí, deixo a critério dos eventuais leitores. Mas o fato é que gerou algum incômodo.

Ao final de cada canção, deliciosamente interpretada, voz e piano, Regina pausava o show. Não houve durante toda da apresentação aquela tradicional costura ‘entremúsicas’, que não deixa a fluência ou cadência do público esmorecer. Toda e cada música trazia consigo um ponto final. E aí Regina conversava e ouvia o público. Muito.

‘Tá ‘usando’ agora este intervalo, para que os músicos descansem, talvez? Direitos trabalhistas em ação no terreno musical! Talvez na Rússia seja assim. Direitos trabalhistas herdados da revolução. Não sei. Só sei que foi assim. E para algumas de suas canções, corpo e alma pediam sequência.

E Regina da Rússia  seguiu, show afora, não só pausando, mas dando ouvidos a qualquer manifestação do público, individual que fosse.  E respondendo. Bem humorada e graciosamente que fosse, mas eu estava ali pela música, oras.

Minha memória de ‘trocentos’ e noventa e sete shows, pela vida e pelo mundo, me empurrou na construção de uma teoria: esta forte atenção no e ao público é coisa de artista ‘terceiromundista’ (sim, porque 2º mundo já virou lenda). A atenção desmedida é porque acha que está devendo algo ou talvez seja algum processo de culpa, não sei. O público paga caro e ele (o artista) ali, só saracoteando. Já o artista de primeiro mundo tem a autoestima nas estrelas (e da altura delas) e acha que ele está fazendo um favor ao público.

Além disto tudo acima descrito, outro forte senão (mais um) marcou o show. Regina passou quase toda a apresentação tentando falar ou falando com os técnicos da casa. E pontuando para o público que estavam trabalhando para reverter alguns problemas. Mas não reverteram e a certa altura, com a eloquente promessa de que voltariam, eles saem do palco, junto a todos os outros.

Fica o público, o escuro e o silêncio.

Mas sem qualquer explicação ou justificativa, dez minutos depois, eles retornam e tomam novamente as rédeas do espetáculo.

Mas concluindo, ‘what I saw from the cheap seats, além de todas estas notas ‘desafinadas’ e desatinadas acima, foram, sim, boas interpretações de canções deste último álbum, o ‘Cheap’ com outras de Soviet Kitsch e dos clássicos e melhores (para mim) Far e Begin to Hope.

What I saw from the cheap seats é que apesar dos pesares estruturais e organizacionais, música é mais e maior. E a música foi… REGINA.

3 comentários:

  1. poli bem colocado e os "desafinos" e escapadas do palco me pareceram uma consequência da bad place choice dos organizadores para uma artista "pianista russa"!

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  2. Hummm, deu vontade de estar nos cheap seats tambem!

    Beijao Poli,

    Renato

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    1. aparecendo por terras brasileiras, faça contato e prometo arranjar um algo da Sibéria, Croácia ou Indonésia para nos divertimos nesta capital do mundo que é SP.

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