Translate

sexta-feira, 28 de junho de 2013

eu sou é eu mesmo


  'NATUREZA DA GENTE NÃO CABE EM CERTEZA NENHUMA' 
 NOTA METALINGUÍSTICA

 “pode ser a travessia do fantasma, pensar tanto na dimensão do trabalho da rememoração, no atravessamento do trauma, como no processo da escrita: uma travessia da palavra.” 

Era para ser assim, a travessia do fantasma, do trauma, pela palavra. Mas quando me propus a ‘ensaiar’ este tema, revisitar doloridos caminhos percorridos (e não lembrados) não tinha a dimensão da catarse à espreita.

Um acidente, suas sequelas, a recuperação.

Com o detalhe um tanto peculiar de que a principal consequência é (ainda) a perda da memória e foi, por um longo tempo, também da capacidade de memorizar.

E a recuperação, feita longo processo, tem sido, de fato,  uma reconstrução do ‘self’, termo usado por Carl Joseph Jung, para definir “o programa arquetípico que constitui nosso ser em potencial, a personalidade total, com sua parte consciente e inconsciente.” 

Quem sou eu se minha memória se cala? O que sou além de suas construções? Pois… sigo aprendendo que o que somos está enraizado em nós e, de alguma forma, independe da memória, manifestando-se, muitas vezes, de modo inconsciente nas escolhas, na opinião,  nas atitudes e nos ‘des’caminhos vida afora.

Este ensaio é, portanto, uma autoanálise reflexiva de algo muito forte que me aconteceu, de que não, não trago ‘cá comigo’ todas as lembranças, mas que já guardo distância suficiente para um olhar de fora. Me brota das entranhas, sou eu, mas já consigo, por exemplo, olhar e separar o que sou  desde sempre e o que nasceu em mim pós acidente, se fazendo, de alguma forma, sequela. Apesar de a Poliana de sempre ser, hoje, pós-acidentada, já as identifico  e vou aprendendo o momento separá-las.

Foi, e é, uma grande experiência pessoal que me faz crescer aqui, dentro de mim. Não tenho, ainda, a noção completa do todo e quero, assim, (e quero sim!) compreender para compartilhar.

Um comentário:

  1. Uma reconstrução feita com tanta determinação e perseverança.

    ResponderExcluir