Buscando compreender extremos da conduta humana, ‘Hannah Arendt’ é um convite à reflexão.
O filme escapa do maniqueísmo simplificador ao analisar difícil capítulo da história complexa dos homens, suas causas e bandeiras, desde sempre. As ideias ousadas e corajosas de Hannah Arendt sobre o nazismo são o fio condutor do filme da diretora alemã, Margarethe Von Trotta, que mostra os caminhos das reflexões da pensadora até chegar ao conceito de ‘banalidade do mal’.
A teoria defende um efeito burocratizador dos atos com a assinatura do nazismo; um sistema dotado de estrutura de poder, que fazia do terror a forma central de relação do Estado e seus cidadãos. Normas, autoridade e momento histórico, portanto, teriam um peso ‘relativizador’ nestas ocorrências ou na(s) culpa(s) delas decorrente(s).
O filme foca em um momento particular da vida de Arendt quando ela, já então renomada filósofa, se oferece à revista ‘The New Yorker’ para fazer a cobertura do julgamento de Adolf Eichmann, criminoso de guerra nazista, em Jerusalém, 16 anos após o fim da 2ª Guerra Mundial.
E sua postura nos artigos desperta polêmica, ao nos convidar a pesar, junto com ela, que nem todos ali eram demônios, alguma espécie de aberração moral. A ‘banalidade do mal’ se traduz na constatação de que muitos eram meros burocratas, convencidos da legitimidade do nazismo, abdicando da consciência individual para medir seus atos.
O filme coloca assim, frente à frente, extremos opostos: o horror dos atos X a mediocridade dos homens. Buscando não personificar o estado nazista em indivíduos, ela se explica: “o maior mal do mundo é o cometido por ninguém”.
Um mérito forte do roteiro é nos trazer Hannah inteira. Tem foco, sim, na intelectual, filósofa e professora, mas não a mitifica, trazendo também a mulher, a esposa e suas relações cotidianas.
Suas análises geraram crítica, polêmica, indignação. Sua avaliação justificando, de certa forma, a postura de Eichmann, foi considerada uma absolvição. Apesar de judia, perseguida na Alemanha e feita apátrida, entre outros direitos privados; no olho do furacão, portanto, ela se muniu da capacidade de olhar de fora. Conseguiu refletir, pesar e reavaliar. E nos levar em suas reflexões.
Ainda não vi o filme, mas conheço a história incrível desta mulher que nos dá outros rumos para entender o holocausto. Sei que vou gostar da fita, principalmente , depois de sua avaliação. Júlia
ResponderExcluirJá estava com vontade de assistir ao filme.
ResponderExcluirAgora a motivação triplicou.
Márcia
Verei em breve.Sua análise, com certeza vai acrescentar minha visão.Mariângela
ResponderExcluirEstimulado para assistir ao filme na telona.
ResponderExcluir:D
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