a louca da casa é a imaginação. são estes devaneios autônomos que nos tomam. todos os pedaços de pensamento que ganham vida própria e deixamos crescer indefinidamente. as possibilidades. os personagens. as opiniões inflamadas. os outros. a louca da casa é um livro da rosa montero que me despertou a vontade de escrever sobre tudo e sobre qualquer coisa. a louca da casa é o diabo na rua, no meio do redemoinho.
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domingo, 13 de outubro de 2013
sobre a 'não-memória' do pensamento
Em aula recente da disciplina Mídia e Poder, de uma pós que me enche de significados as horas de recreio da vida, o professor nos traria Naomi Klein, em uma sua viagem pelo mundo das marcas, como prato principal. Descartes, no entanto, foi servido como entrada, aquele dia. Era debatido, sobretudo, um pensar sobre o modo de pensar.
Quando o Prof. Dimas trouxe à tona a sentença ‘o mundo que você vê é o que você pensa sobre o mundo’, me perguntei na seqüência: e se não me lembro o que penso sobre o mundo, o que vejo? E quando a memória do pensamento, da opinião, do olhar se esvaem?
Pensei, ligando tudo a um meu caso particular, no papel da memória na definição do self. Que mundo vejo, se não me lembro do que penso sobre o mundo? É um reconstruir de referências do zero?
Em função da perda de uma dita memória recente, algo perto de quinze anos (sem precisão), me coloco na tempestade e me pergunto: o que penso sobre o mundo hoje? O que pensava antes? Como cheguei aqui? Onde cheguei? Sei que vou me reconstruindo, tijolo por tijolo, mas qual o papel de um meu arquétipo e qual o papel de tudo que construí a vida inteira ao meu redor?
As minhas relações e meu entorno, por exemplo, dizem muito de mim. Divido gostos, literatura, música, culinária, prazeres, vontades, idéias, projetos. E tudo isto foi, segundo Jung, determinado pelo meu chamado arquétipo, em processo anterior. Minhas decisões e opções, dele derivadas, me levaram por estas paragens. A questão é que desconfio que talvez agora, faça o caminho inverso. Minhas escolhas vida afora são as referências que guiam minha reconstrução, cimento para meus tijolos; são meu norte.
A esta altura, trago comigo uma pergunta, a que não quer calar: e se eu fosse plantada em outra cultura, na Índia, por exemplo; onde todas as referências se diluíssem? Eu seria uma outra de mim? Ou o arquétipo de Jung me faria Poliana, onde quer que eu estivesse? Meu modo de pensar permaneceria conduzido por meu olhar? E meu olhar, apesar de toda a diferença, carregaria a mesma angulação, o mesmo grau?
A Poli que são várias, seria uma Poliana Indiana?
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Em qualquer lugar tenho certeza que sera sempre Poliana.
ResponderExcluirMarcia
Poliana, I maybe wrong, but I strong believe that you just lost what you probably don’t need it. Because everything else we need you have it... specially your family. If there one thing that you lost and don’t remember, what do you think that would be?
ResponderExcluirNão, vc não está errado (ou errada). Tenho tudo que preciso e tenho um plus a mais. Tenho um olhar e uma experiência que me fazem crescer dentro de mim. Tenho uma família maravilhosa e amigos muitos. De verdade. Mas os questionamentos não cessam... e não quero que cessem... nunca... Faz bem.
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